terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Por que o Natal é comemorado em 25 de Dezembro?

Parece incrível, mas a escolha da data não tem nada a ver com o nascimento de Jesus. Os romanos aproveitaram uma importante festa pagã realizada por volta do dia 25 de Dezembro e "cristianizaram" a data, comemorando o nascimento de Jesus pela primeira vez no ano 354. A tal festa pagã, chamada de Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra, popular em Roma. As comemorações aconteciam durante o solstício de inverno, o dia mais curto do ano. No hemisfério norte, o solstício não tem data fixa - ele costuma ser próximo de 22 de Dezembro, mas pode cair até no dia 25. A origem da data é essa, mas será que Jesus realmente nasceu no período de fim de ano? Os especialistas duvidam. "Entre os estudiosos do Novo Testamento e das origens do cristianismo, é consenso que ele não nasceu em 25 de Dezembro", afirma o cientista da religião Carlos Caldas, da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Na Bíblia, o evangelista Lucas afirma que Jesus nasceu na época de um grande recenseamento, que obrigava as pessoas a saírem do campo e irem às cidades se alistar. Só que, em Dezembro, os invernos na região de Israel são rigorosos, impedindo um grande deslocamento de pessoas. "Também por causa do frio, não dá para imaginar um menino nascendo numa estrebaria. Mesmo lá dentro, o frio seria insuportável em Dezembro", diz Caldas. O mais provável é que o nascimento tenha ocorrido entre Março e Novembro, quando o clima no Oriente Médio é mais ameno.

Mundo Estranho

Quando e por que o Papai Noel passou a simbolizar o Natal?

O mito do bom velhinho foi inspirado em São Nicolau, um bispo católico que viveu no século 4 na cidade de Mira, actual Turquia. "Ele ficou conhecido em todo o Oriente por sua bondade e pela atenção com as crianças", afirma o frei Luiz Carlos Susin, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Diz a lenda que Nicolau presenteava as crianças no dia de seu aniversário, em 6 de Dezembro. Nos séculos seguintes, o mito se espalhou pela Europa e a data da entrega de presentes acabou se confundindo com o nascimento de Cristo. "Quando a história chegou à Alemanha, no século 19, o velhinho ganhou roupas de inverno, renas, um trenó de neve e uma nova casa: o Pólo Norte", afirma Luiz.

Nessa época, Noel ainda era representado como um homem alto e magro com roupas que variavam de cor - dependendo do relato, elas eram azuis, amarelas, verdes ou vermelhas. A silhueta rechonchuda, o rosto barbudo e os trajes vermelhos que conhecemos hoje apareceram pela primeira vez na revista americana Harper’s Weekly, em 1881. A figura, desenhada pelo cartoonista Thomas Nast, sofreu uma nova transformação em 1931. Na criação de um anúncio para a Coca-Cola, o desenhista Haddon Sundblom acrescentou um saco de presentes e um gorro ao personagem. A série de comerciais que mostrava Noel metido em situações engraçadas para entregar seus brinquedos rodou o mundo, popularizou essa imagem e, claro, turbinou as vendas do refrigerante.

O nome Santa Claus, como Noel é conhecido em inglês, é uma adaptação de Sinter Klaas, forma como São Nicolau era chamado pelos holandeses, que levaram suas tradições natalinas para colónias na América no século 17 (entre elas a região da cidade de Nova York). Já por aqui, a origem da expressão "Papai Noel" tem raízes no idioma francês, no qual Noël significa "Natal". Ou seja, no Brasil, o bom velhinho ganhou um carinhoso nome que significa literalmente "Papai Natal".

Lar gelado

Finlandeses dizem que o bom velhinho mora na Lapónia

A lenda de que Noel vivia no Pólo Norte, onde comandava sua oficina de brinquedos, serviu para os finlandeses estimularem o turismo local. Na década de 1950, o governo construiu uma vila de madeira na cidade de Rovaniemi, na região da Lapónia, que acabou se tornando o lar oficial do Papai Noel. Quem decide enfrentar o rigoroso inverno Árctico pode entregar seus recados pessoalmente a um duplo do bom velhinho, que recebe aproximadamente 700 mil cartas por ano - quase todas, é claro, com pedidos de presentes.

Mundo Estranho

Qual é a origem da árvore de Natal?

Enfeitar árvores, é um ritual antiquíssimo, presente em praticamente todas as culturas e religiões pagãs, para celebrar a fertilidade da natureza. Os primeiros registos de sua adopção pelo cristianismo vêm do norte da Europa (terra dos pinheiros, a árvore de Natal clássica), no começo do século XVI - mas tudo indica que, a essa altura, já era uma tradição medieval. No antigo calendário cristão, o dia 24 de Dezembro era dedicado a Adão e Eva, cuja história costumava ser reencenada nas igrejas. "O paraíso era representado plasticamente por uma árvore carregada de frutos, colocada no meio da cena teatral", afirma o teólogo Fernando Altermeyer, da PUC-SP.

As pessoas, então, passaram a montar essas alegorias em suas casas, com árvores cada vez mais decoradas: de velas (simbolizando a luz de Cristo), estrelas (alusão à estrela de Belém) e rosas (em homenagem à Virgem Maria) até hóstias (pedindo perdão pelos pecados). Nos séculos XVII e XVIII, o hábito se tornou tão popular entre os povos germânicos que eles mesmos o creditaram a seu maior líder religioso, Martinho Lutero (1483-1546), fundador do protestantismo. A árvore de Natal só se difundiu pelo resto do planeta a partir de 1841, quando o príncipe Albert (1819-1861) - esposo alemão da rainha Vitória - montou uma delas no palácio real britânico. Na época, o império vitoriano dominava mais de meio mundo e o costume logo se tornou universal.

Mundo Estranho

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O raio X dos maias

Eles já haviam entrado em declínio quando os espanhóis chegaram. Hoje, os arqueólogos se esforçam para criar um retrato fiel da civilização que, por sete séculos, foi uma das mais desenvolvidas do Ocidente

por Tiago Cordeiro

Em 1511, um navio espanhol com 15 homens e duas mulheres naufragou no norte da península de Yucatán, perto da atual cidade mexicana de Cancún. Seus tripulantes, que pretendiam ir para Cuba, foram capturados pelos misteriosos moradores da região. Acabaram distribuídos como escravos entre os vários chefes locais – muitos foram sacrificados aos deuses. Seis anos depois, o explorador espanhol Francisco Hernández de Córdoba chegou à mesma região, que ele acreditava ser uma ilha. Chegou ali com 110 homens, em três navios.

A expedição de Hernández encontrou três grandes cidades, todas habitadas por um povo desconhecido dos espanhóis. Foi o suficiente para impressionar os europeus, que ainda não tinham visto nenhum grande conglomerado urbano nas Américas. Ecab, a primeira das cidades encontradas, foi apelidada de “El Gran Cairo”, numa referência à capital egípcia. No começo, apesar das diferenças lingüísticas e culturais, os exploradores foram bem recebidos. Isso mudou quando Hernández e seus homens chegaram a Champotón, na costa oeste da península. Atacados pelos nativos, liderados por Mochcouoh, muitos espanhóis morreram. Os poucos sobreviventes bateram em retirada. Muito ferido, Hernández morreria ainda em 1517. Mas a descoberta dos maias estava oficialmente feita.

As comunidades pelas quais passou a expedição de Hernández faziam parte do que restava de uma complexa sociedade que, durante 700 anos, dominara a América Central. Os maias haviam criado gigantescas cidades, com pirâmides e observatórios astronômicos. Em algumas áreas do conhecimento, chegaram a avançar muito mais que os europeus. Apesar de ter impressionado tanto os espanhóis, entretanto, os maias do século 16 não formavam mais, nem de longe, a civilização grandiosa de outrora. Uma amostra dessa decadência pode ser vista em Apocalypto, de Mel Gibson, que estreou recentemente nos cinemas brasileiros. O filme foi produzido nas regiões mexicanas de Catemaco e Vera Cruz e é falado em um dos dialetos maias. Em vez de continuar formando um sistema de cidades integradas, os maias viraram habitantes de povoados dispersos – e, muitas vezes, conflituosos.

Para entender a ascensão e o declínio do povo maia é preciso voltar no tempo. É o que alguns dos grandes arqueólogos do mundo estão fazendo hoje, escavando no México e na América Central. Antes, acreditava-se que os maias haviam surgido por volta de 700 a.C. Graças a descobertas feitas em 2004 na Guatemala pela equipe do arqueólogo Arthur Demarest, da Vanderbilt University, sabe-se que, por volta de 1500 a.C., grupos maias já tinham criado estátuas de 5 metros de altura por 3 de largura. Até o ano 200, construíram centros cerimoniais como Uaxactún e Tikal, onde os agricultores se encontravam nos períodos de celebrações religiosas. Nos sete séculos seguintes, eles viveram seu período de maior exuberância, chamado de “clássico” pelos pesquisadores. Levantaram El Petén, ainda na Guatemala, e se expandiram para o oeste, o sudoeste e o norte. Surgiram Palenque, Copán e Piedras Negras, entre outras 40 cidades – boa parte delas no atual território mexicano. O território alcançava os atuais México, Belize e El Salvador e chegou a ter 325 mil quilômetros quadrados de área.

Estruturadas em torno de praças, as cidades tinham ruas de calçadas largas e abrigavam pirâmides de até 45 metros, templos religiosos com abóbadas, palácios com grandes espaços internos, casas de banho e espaços para a prática de esportes. As casas normalmente tinham três quartos seguidos, com a luz entrando apenas pela porta da frente, e a cozinha ao fundo. A água vinha de poços, graças a um sistema intrincado de irrigação.

Em novembro de 2006, o pesquisador japonês Takeshi Inomata divulgou a tese de que os maias usavam suas praças centrais como grandes anfiteatros, onde eram apresentados espetáculos que tratavam das divindades e reforçavam o poder da elite local. Apesar de nunca terem formado um império unificado, as grandes cidades maias mantinham uma organização política parecida: a maior autoridade em cada vila era o halach vinic, que governava em nome de um dos deuses. Seu cargo era hereditário, e cabia a ele escolher, entre os membros da nobreza, os homens responsáveis por comandar os soldados e fiscalizar o pagamento de impostos e a aplicação das leis. Além dos governantes, havia sacerdotes, responsáveis pelos templos, pelas pesquisas astronômicas, pelos tratamentos médicos e pelo ensino. Abaixo deles vinham os guerreiros, os artesãos e os pequenos comerciantes. A base da pirâmide populacional era formada pelos camponeses e pelas pessoas que trabalhavam nas construções. Eram eles que sustentavam a elite.

Nenhuma cidade tinha controle sobre a outra, mas as maiores e mais poderosas usavam o poder militar para conseguir os melhores acordos comerciais. “Os reis podiam se aliar uns aos outros por períodos que podiam variar de um a 200 anos. Essa era uma organização política muito frágil e pouco estável. É por isso que, apesar de terem em comum a língua, os hábitos e a religião, eles nunca foram um único império”, diz o americano Marcello Canuto, professor de Arqueo­logia da Universidade de Yale.

Em nome dos deuses

Até cerca de duas décadas atrás, os maias eram vistos como um povo pacato. Mas a arqueologia acabou descobrindo que eles faziam sacrifícios sangrentos, com direito a cerimônias em que as vítimas eram arremessadas vivas dentro de poços. Achou cruel? Bem, as alternativas não eram lá muito melhores: era comum que o sacerdote arrancasse o coração das pessoas ainda batendo ou as esfolasse para vestir sua pele. Toda essa carnificina tinha uma explicação simbólica: os maias acreditavam que o homem faz parte de uma terceira geração de seres humanos, feita a partir do milho. As duas anteriores, construídas com barro e depois com madeira, teriam sido destruídas por dilúvios, um de água e outro de lava. Para evitar destino parecido, era preciso agradar os deuses constantemente com oferendas valiosas – e nada era mais valioso que o sangue humano.

Os maias acreditavam em 13 deuses que habitariam 13 diferentes camadas celestes. Haveria ainda outros nove deuses, moradores de nove mundos subterrâneos. Essas divindades não eram exclusivamente boas ou más, mas algumas ajudavam mais os seres humanos que outras. Ah Puch, por exemplo, é o temível deus da morte, e Camazotz, com sua forma de morcego, é um de seus demônios. No lado mais amistoso do panteão, Chaac é o responsável pelas chuvas, e o deus em forma de cobra Gucumatz é responsável pela criação de novos seres.

Mas a relação dos maias com os deuses ia além dos cerimoniais violentos. Essa devoção acabou dando impulso para que uma ciência se desenvolvesse: a astronomia, usada para entender melhor o ciclo da vida, criado e mantido pelas divindades. Um dos observatórios mais importantes, o de Caracol, nas ruínas de Chichén Itzá, ainda está em ótimo estado. A observação dos astros levou os maias a criar um calendário dividido em 18 meses de 20 dias e mais um mês curto, de 5 dias. A cada 52 anos era celebrado um mês extra de 13 dias e a cada 3172 anos havia um ano 25 dias mais curto. Pode soar muito complicado, mas, na ponta do lápis, essa organização fazia com que o ano maia tivesse 365,242129 dias. Isso é incrivelmente próximo do calendário astronômico, que possui 365,242198 dias. Até 1582, a Europa usava um calendário bem menos preciso, de 365,25 dias.

Os maias ainda conheciam bem os ciclos da Lua e estimavam que o ciclo de Vênus tinha 584 dias de duração (um dado muito próximo do hoje considerado real: 583,92 dias). Para sustentar o conhecimento da astronomia, eles desenvolveram a matemática, que incluía o conceito de zero já no ano 325 – os europeus só passariam a adotá-lo em suas contas a partir do século 12. O sistema de numeração maia tinha base 20 e era representado por pontos e barras.

Ao lado de toda essa matemática, os maias desenvolveram a linguagem escrita mais completa de toda a América pré-colombiana. Ela era composta por mil diferentes caracteres, representando sons e símbolos. Além de ser entalhados em pedra, os textos eram pintados sobre cerâmica ou códices (placas feitas de fibras vegetais, recobertas de resina e cal – dobradas, ficavam com uma forma parecida com a de nossos livros). Nos últimos cinco anos, conforme novas inscrições vêm sendo encontradas, o número de caracteres traduzidos saltou de 180 para 500.

Em 2001, a equipe de Arthur Demarest descobriu novos degraus da pirâmide de Dos Pilas, na Guatemala. Eles estavam soterrados, mas apareceram graças à destruição causada por um furacão. Nos degraus, estavam gravados hieroglifos que contam a história de uma guerra entre duas cidades-estado, Tikal e Calakmul. Esses textos forneceram uma nova informação: o rio Usumacinta, que nasce na Guatemala e desemboca no golfo do México, facilitou o comércio entre os maias e possibilitou o surgimento de várias cidades. Mas, afinal, por que elas teriam entrado em decadência?

Apocalipse na América

Embora ainda haja muitas perguntas a ser respondidas, a estrutura política centralizada em torno de uma pequena aristocracia improdutiva pode ter acelerado a decadência dos maias. Os achados arqueológicos indicam que, a partir do ano 900, suas principais cidades foram abandonadas. Sabe-se que a área foi assolada por longos períodos de seca. De acordo com o geólogo David Hodell, da Universidade da Flórida, entre os anos 700 e 900, a região dos maias experimentou as maiores estiagens em 7 mil anos. Mas não há sinais de que a seca tenha provocado mortes em massa. O mais provável é que os camponeses tenham abandonado as cidades e se retirado para regiões mais isoladas, onde viveriam do que plantavam, sem prestar contas a reis nem sustentá-los. Vários indícios, como templos inacabados e tronos queimados, sugerem que, antes de deixar os municípios, os colonos teriam promovido rebeliões.

Em seu livro Colapso, o biólogo americano Jared Diamond argumenta que a falta de visão de futuro e a ausência de cuidado com o meio ambiente é que teriam provocado o declínio da civilização maia. O antropólogo americano Marcello Canuto pensa de modo parecido. “Os governantes estavam ocupados demais na construção de obras grandiosas e não foram capazes de lidar com as necessidades do povo”, diz o professor da Universidade de Yale. “Em 800 eles estavam fazendo exatamente o mesmo tipo de agricultura do ano 200, mas a população tinha aumentado. Não havia como produzir mais comida para mais pessoas, no mesmo pedaço de terra, sem degradar o ambiente.”

Entre os séculos 10 e 12, os maias registraram um período de renascimento, concentrado na região de Yucatán. Por trás dessa nova fase estava a influência dos toltecas, um povo que viveu entre a península e o território dos astecas. Além de tornar mais sangrentos os rituais religiosos, os toltecas levaram os maias a intensificar o comércio e o intercâmbio com outros povos. Nessa fase, que os estudiosos chamam de “pós-clássica”, a liga de Mayapán, formada por Mayapán, Uxmal e Chichén Itzá, passou a liderar as principais cidades da região. Mas, a partir de 1441, a união se tornou instável e novos conflitos provocaram a dissolução da liga. Quando os espanhóis desembarcaram na península, os maiores centros maias estavam abandonados e as populações sobreviventes estavam constantemente em pé de guerra.

Conquista e resistência

Em plena crise interna, os maias tiveram de encarar a invasão espanhola. Depois da malfadada expedição de Francisco Hernández de Córdoba, em 1517, a Espanha voltou à carga contra os maias. O explorador Juan de Grijalva viajou para Yucatán no ano seguinte, mas recebeu informações a respeito de um outro império a leste, muito mais poderoso – e, principalmente, mais rico em ouro. Eram os astecas. Isso mudou totalmente a estratégia de conquista dos espanhóis: os maias, mais pobres e mais desorganizados, foram relegados a segundo plano – sequer valia a pena investir tempo e pessoal em uma guerra contra eles. Enquanto isso, os vizinhos sofriam as conseqüências.

Em 1521, apenas dois anos depois de sair para sua missão de conquista, Hernán Cortés derrotou os astecas, destituiu e torturou pessoalmente o imperador Cuauhtémoc e arrasou a capital Tenoch­titlán, onde começou a surgir a Cidade do México. Garantido o controle sobre o território e as riquezas astecas, os espanhóis não tiveram pressa em voltar à carga contra os maias. Ironicamente, a falta de ouro e a desorganização política garantiram a eles longevidade muito maior – como não existia um império unificado, as cidades maias tinham que ser derrotadas praticamente uma a uma.

A primeira grande iniciativa de conquista dos maias ocorreu em 1527, liderada por Francisco de Montejo. Depois de massacrar 1200 nativos na cidade de Chauca, suas tropas acabaram expulsas de Yucatán no ano seguinte. Uma nova invasão ocorreu em 1531, mas também acabou em fuga espanhola. Em 1540, Francisco Montejo Filho, que herdara a missão do pai, chegou à península com um grande exército. Seis anos depois, apoiado por alguns chefes locais, declarou vitória na região de Yucatán. Mais ao sul, entretanto, os maias seguiram livres. Tayasal, na atual Guatemala, foi o último foco de resistência. Só caiu em 1697.

Os maias foram conquistados, mas não exterminados. “Em uma luta paciente e silenciosa, a cultura maia sobrevive a todas as conquistas e se mantém preservada nos trajes, nas comidas, nas lendas, nas músicas e nas danças”, afirma Mariluci Guberman, do Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Hoje, 6 milhões de pessoas que vivem em Yucatán e na Guatemala são consideradas maias. Eles falam 25 dialetos diferentes e, em sua maioria, vivem exatamente da mesma forma que seus antepassados: espalhados pela zona rural, vivendo da agricultura e visitando o centro da vila apenas em ocasiões festivas. Acordam às 4 da manhã para trabalhar no plantio, voltam para casa às 19h e dormem às 21h.

As mulheres maias mantêm as roupas tradicionais, com vestidos longos e véus. Produzem tecidos com padrões seculares, herdeiros diretos dos que eram feitos antes da chegada dos espanhóis. A religiosidade politeísta também é mantida, ainda que disfarçada sob os conceitos e santos católicos. Entre as maiores personalidades maias de nosso tempo estão o Subcomandante Marcos, líder do grupo rebelde zapatista da região mexicana de Chiapas, e dois guatemaltecos vencedores do Prêmio Nobel. O primeiro foi Miguel Ángel Asturias, o escritor mais importante da história de seu país, que venceu na categoria Literatura em 1967 (e morreu em 1974). A segunda foi Rigoberta Menchú, que ganhou o Nobel da Paz em 1992 por sua luta pelos direitos dos povos indígenas da América. Ela é um claro exemplo de que, com 4500 anos de história, os maias são muito mais que um grande povo do passado.

Para não confundir

Entenda as diferenças entre maias, astecas e incas

Eles foram uma civilização muito avançada, mas acabaram sendo dizimados pelos espanhóis. Essa definição serviria tanto para maias quanto para astecas e incas, é verdade. Mas há distinções fundamentais entre esses três povos, muitas vezes confundidos entre si. Os mais próximos são os maias e astecas, habitantes da América Central e do atual México. Eles foram precedidos e influenciados pelos olmecas, que viveram nessas regiões até 400 a.C. Os olmecas tinham cidades de até 2 500 habitantes e escreveram o primeiro texto da América, datado de 650 a.C. Eram politeístas, faziam sacrifícios humanos, construíam pirâmides e jogavam futebol com bolas de borracha. Todos esses traços foram herdados por maias e astecas, que chegaram a ser contemporâneos. Os astecas surgiram em 1200, mais de 2 mil anos depois dos maias. Construíram um império cuja capital, Tenochtitlán, tinha 300 mil habitantes no século 16 (era maior do que todas as cidades européias da época, à exceção de Constantinopla). Já os incas são outro departamento. Viveram 5 mil quilômetros ao sul de maias e astecas, na região dos Andes. Dominavam a metalurgia, tinham sofisticadas técnicas agrícolas e usavam a lhama como animal de tração. Surgiram pouco depois dos astecas, em 1300. Como eles, também montaram um império com poder centralizado.

No fim das contas, incas e astecas eram mais organizados e capazes de dominar a tecnologia. Os maias, em compensação, eram muito cultos. “Ao contrário de todos os outros povos da região, eles desenvolveram um sistema completo de escrita”, diz antropólogo americano Marcello Canuto, da Universidade de Yale. “Nosso mundo se apóia na escrita. Por isso, temos um grande fascínio por eles. Não é à toa que Mel Gibson escolheu os maias, e não os astecas ou os incas, para fazer um filme.”

Nativo adotivo

O espanhol que escolheu lutar ao lado dos maias

Membros do grupo que encontrou acidentalmente os maias em 1511, no norte da península de Yucatán, o padre Gonzalo Guerrero e o frei franciscano Gerónimo de Aguilar tiveram a sorte de não serem mortos ou escravizados. Em 1519, o conquistador Hernán Cortés descobriu que ambos estavam vivos, presos em Chetumal, e negociou até conseguir a liberação deles. Só Gerónimo aceitou. Gonzalo quis ficar. “Casei-me aqui, tenho três filhos e sou um cacique maia. Os espanhóis jamais me aceitariam”, teria dito ao ex-colega de cativeiro. Até morrer, em 1531, Gerónimo se tornou intérprete dos espanhóis e ajudou na violenta conquista do México. Já Gonzalo liderou a resistência maia contra os espanhóis em Chetumal até ser morto no campo de batalha, em 1536. Seus filhos com a índia Zazil são considerados os primeiros mexicanos.

Cientistas letrados

Os pontos altos da civilização maia eram a astronomia, a matemática e o alfabeto

De olho no céu

O observatório de Caracol, na cidade de Chichén Itzá, foi construído por volta do ano 1050. O seu nome vem do formato da escada interna que leva ao posto de observação no topo do edifício.

Um dia após o outro

Em superfícies de pedra como esta, os maias usavam símbolos matemáticos para contar a passagem dos dias. O calendário maia era mais preciso que o dos europeus.

Escrituras

Placa de jade feita no século 5 mostra alguns dos mil caracteres do alfabeto maia, o mais completo existente entre os povos da América pré-colombiana.

Mestres das obras

Os suntuosos palácios e as grandes pirâmides maias eram ricamente ornamentados

A cobra que ri

Detalhe de um dos edifícios de Chichén Itzá mostra a cabeça da serpente emplumada, animal mítico que adorna muitas construções da cidade.

Selva de pedra

Palenque é uma das mais belas e monumentais cidades maias. A construção maior era um palácio, terminado no século 8. E a pirâmide foi o túmulo do líder Pacal, morto em 683.

Megacalendário

A pirâmide de Kukulcan, a mais famosa de Chichén Itzá, tem 25 metros de altura e quatro escadarias que, no total, possuem 364 degraus. Somados à cúpula, eles representariam os dias do ano.

Parece que foi ontem

Os maias eram hábeis artesãos e cultivavam hábitos que ainda são comuns na América

Craques na pelota

Assim como os astecas e olmecas, os maias também jogavam futebol, usando bolas de borracha. O artefato abaixo, do ano 590, é uma espécie de placar.

Pausa para o lanche

Algumas comidas típicas do México e da América Central nasceram com os maias. O curioso disco acima, por exemplo, era usado para fazer tortillas. Foi achado em Belize.

Reflexo particular

Encontrados na Guatemala, estes fragmentos compunham um espelho, feito de pirita. Provavelmente era usado por um rei para impressionar súditos.

Beleza real

Esculpida em jade, esta jóia foi achada no túmulo de uma rainha maia. A peça provavelmente era usada como adorno de cabeça, presa a uma coroa ou uma faixa.

Para assistir sem legenda

Expressões em maia-yucateco, o dialeto usado em Apocalypto

• Ahau: deus

• Ah kin: sacerdote supremo

• Balam: jaguar

• Balché: vinho

• Chen: poço

• Chi: boca

• Chicle: borracha natural de mascar

• Copal: incenso

• Halach Uinic: rei

• Kin: sol

• Huipil: o vestido das mulheres

• Milpa: milho

• Nacom: comandante militar

• Pok-a-tok: futebol maia

• Quetzal: ave selvagem sagrada

• Sacbe: pedra usada nas construções

• Tulum: cerca

• Uinal: mês de 20 dias

• Xibalba: o submundo, para onde vão os mortos

Saiba mais

Livros

The Maya, Michael Coe, WW Norton, 1999

Com uma linguagem acessível, o maior especialista do mundo na civilização maia conta a história e as tradições desse povo.

The Fall of the Ancient Maya, David L. Webster, Thames & Hudson, 2002

O antropólogo americano analisa todas as teorias sobre a decadência dos maias, para concluir que ela foi lenta e provocada por uma série de fatores.

Site

www.famsi.org

A página da Foundation for the Advancement of Mesoamerican Studies reúne informações sobre os principais grupos pré-colombianos, em especial os maias.

Imagens da fé

A religião tinha importância fundamental para os maias. No cotidiano e na arte

Minissacrifício

Nem os poderosos estavam livres de oferecer seu sangue para os deuses. O relevo ao lado, do século 8, mostra Xoc, mulher de um líder maia. Ajoelhada num ritual, ela corta sua língua com espinhos.

Medo alado

Encontrada em Copán, Honduras, esta escultura representa Camazotz, o deus em forma de morcego que simboliza a morte e habitaria um dos nove mundos subterrâneos.

Gênese divina

Em 2005, foi descoberto numa caverna de San Bartolo, na Guatemala, um mural que retrata diversos deuses maias. Pintado por volta de 100 a.C., ele mostra a criação do mundo.

O cenário da conquista

Veja onde viviam os maias quando os espanhóis chegaram, no século 16

O início

O primeiro contato entre maias e espanhóis, em 1511, foi perto de Ecab. A maioria dos forasteiros, náufragos, acabou escravizada ou sacrificada.

Recepção feroz

Em Champotón, a expedição do espanhol Francisco Hernández de Córdoba foi atacada em 1517. Ferido, Hernández fugiu com alguns sobreviventes.

Massacre

Em Chauca, as forças do conquistador Francisco de Montejo mataram 1200 maias em 1527. Mas a resistência conseguiu expulsá-lo da península.

Nome estrangeiro

A cidade de T’ho hoje se chama Mérida e é uma das maiores do México. Foi rebatizada por Francisco de Montejo, depois de ser conquistada em 1542.

O fim

Em 13 de março de 1697, Tayasal se tornou a última cidade maia a se render aos invasores espanhóis.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Como surgiram os naipes do baralho?

Os naipes actuais surgiram de uma mistura das versões espanhola e francesa: os nomes dos naipes vieram do espanhol, mas os símbolos gráficos que os representam são franceses. Até chegar ao baralho actual, de 52 peças, as cartas percorreram uma longa história. Acredita-se que os jogos de cartas tenham surgido na China por volta do século 10. No século 14, as cartas chegaram à Europa levadas pelos árabes, que adaptaram o baralho chinês. O baralho moderno começou a tomar forma no século 16, com o conjunto de 52 cartas criado pelos franceses. Nessa época, vários países da Europa tinham versões locais dos naipes, como os bastões da Espanha ou os pinhões da Alemanha. Como os logotipos franceses dos naipes eram mais simples e fáceis de imprimir, ganharam popularidade e foram adoptados em outras nações. :-S
Baralho actual mistura influências espanhola, francesa e até árabe

BARALHO ESPANHOL

Há 48 cartas, numeradas de 1 a 9, e três figuras: valete (10), cavaleiro (11) e rei (12). Os nomes dos naipes são quase idênticos em português e espanhol: ouros, espadas, copas e bastos (“paus”), representando comerciantes, militares, religiosos e camponeses

BARALHO FRANCÊS

São 52 cartas de quatro naipes. Os nomes originais eram carreaux (“quadrados”, que equivale a “ouros”), pique (“pontas de lança”, nossas “espadas”), coeurs (“corações”, nosso “copas”) e trèfles (“trevos”, nosso “paus”). O cavaleiro foi trocado pela dama.

ÁS

Não se sabe qual foi o primeiro baralho a trocar a carta de número 1 pelo ás, mas muitos acreditam que tenha sido o baralho alemão – no baralho francês, a primeira carta é o 1 mesmo. A palavra “ás” vem do latim e significa “uma unidade”.

JOKER

Há duas explicações para a origem do joker. Uma é o “louco”, carta do baralho italiano sem naipe ou número. Outra versão diz que o joker tem origem inglesa e surgiu no século 19 de uma carta conhecida como “imperial bower”, que vencia todas as outras

CARTAS NOBRES

As figuras existem desde que os árabes incluíram pessoas da corte, como o rei, a rainha e o valete (servo real). Nossas figuras vieram da França (valete, dama e rei, V, D e R no baralho francês), mas usamos as letras do baralho inglês: J vem de jack (“valete”, em inglês), Q de queen (“rainha”) e K de king (“rei”).

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quais são os principais deuses egípcios?

RÁ-ATUM

Principal deus egípcio, Rá é o responsável pela criação do mundo e representa o Sol. Ele é descrito de diversas formas, desde com a face de uma ave de rapina até como um escaravelho. Os egípcios acreditavam que seu rei (o faraó) era a encarnação de Rá.

OSÍRIS

Descendente directo de Rá (o deus da criação), Osíris é o filho mais velho do casal Geb e Nut. Ele reinou sobre a Terra como o primeiro faraó do Egipto. Isso até ser assassinado por seu irmão Seth. A partir daí, Osíris virou o deus supremo e o juiz do mundo dos mortos.

ÍSIS

Dona de poderes mágicos, protectora e piedosa, a irmã-esposa de Osíris era muito popular - foi a última divindade egípcia a ser adorada na Europa antes da chegada do cristianismo. O rio Nilo nasceu das lágrimas que ela derramou quando Osíris morreu.

SETH

O deus do caos é o responsável pelas guerras e pela escuridão. Matou o irmão, Osíris, mas perdeu a supremacia do Egito para o sobrinho Hórus. Tem a forma do porco-formigueiro – animal raro da África.

NEPHTHYS

No vale-tudo da mitologia, foi irmã-esposa de Seth e de Osíris. Após a morte deste, separou-se de Seth e se juntou a sua irmã Ísis em luto. É associada ao culto dos mortos e mostrada às vezes como uma mulher ao lado de sarcófagos.

HÓRUS

Filho de Osíris e Ísis, tem cabeça de falcão e é o protetor dos faraós e das famílias. Quando perdeu o pai, lutou contra Seth pelo trono de principal deus do Egipto. Após intervenção de Osíris, direto do “Além”, os demais deuses aclamaram Hórus como líder supremo.

HATHOR

A esposa de Hórus é a deusa guardiã das mulheres (especialmente as grávidas) e protetora dos amantes. No Egipto antigo, a vaca era considerada um animal gentil, por isso Hathor era representada com a cabeça ou as orelhas de uma vaca.

ANÚBIS

O deus com cabeça de chacal nasceu da união de Osíris e Nephthys. Foi ele quem criou a primeira múmia, ao preparar o corpo do pai assassinado. Tem papel importante na passagem para o mundo dos mortos.

THOTH

Sua origem é polêmica: alguns textos o apresentam como filho de Rá, outros, como de Seth. Com cabeça de uma ave – a íbis – é o deus da Lua, da sabedoria e da cura. É o patrono dos escribas e trouxe os hieróglifos ao Egito.

BASTET

Ligada à fertilidade, é a deusa da sexualidade e do parto. Após o ano 1000 a.C., sua imagem ganhou a forma de gato – animal que para os egípcios traz boa sorte. É mais uma das filhas de Rá.

SEKHMETH

A poderosa deusa com cabeça de leoa é filha de Rá, mas reflete o aspecto destrutivo do Sol. Foi enviada por Rá para punir os humanos que passaram a adorar um deus em forma de serpente.

O MITO DA CRIAÇÃO

Separação de deuses irmãos marca origem do mundo dos humanos

1. Os primeiros filhos de Rá foram Shu (deus do ar) e Tefnut (deusa da umidade). Como é comum nessa mitologia, os irmãos formaram um casal e tiveram como filhos Geb (deus da terra) e Nut (deusa dos céus). Ao nascer, os netos de Rá se juntaram num abraço, formando outro casal.

2. Rá não gostou muito dessa história e ordenou a Shu que ele separasse os filhos. Este empurrou Nut para cima e pressionou Geb para baixo. Enquanto Nut se tornava o céu que cobre o mundo, Geb virou a terra em que vivemos. E Shu permaneceu entre os filhos, representando o ar que as pessoas respiram.

JULGAMENTO FINAL

O “inferno” para os egípcios era ser devorado por um deus após a morte

1. Toda pessoa ao morrer era recebida pelo deus Anúbis. Ele tinha a missão de pesar o coração dos mortos em uma balança, uma espécie de avaliação de como a pessoa havia se comportado em vida.

2. Após ter o coração pesado, o morto era encaminhado para um julgamento final perante Osíris, que o questionava sobre diversas passagens da vida. Nessa conversa, Osíris podia até aliviar a barra de quem tivesse o coração “reprovado na balança”.

3. Os aprovados viveriam para sempre em um paraíso similar à Terra na companhia dos deuses. Os reprovados eram devorados por Amnut, deusa representada pelos três animais mais temidos no Egito: ela tinha cabeça de crocodilo e corpo com partes de leão e de hipopótamo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Qual o texto mais antigo em português?

É um texto de 1175, chamado Notícia de Fiadores, mas o duro é entendê-lo! A semelhança com o português actual é pouquíssima. Até o jeito como o patrício escrevia as letras é complicado! Mas os lingüistas identificam vários elementos nele que o caracterizam como português antigo, ou galego-português, e o diferem do latim, ainda muito empregado na época. O texto lista os fiadores de um tal de Pelágio Romeu, um português que, apesar de nobre, não era rico. O documento foi descoberto pela pesquisadora Ana Maria Martins, da Universidade de Lisboa, em 1999. Ela o encontrou no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, enquanto pesquisava para sua tese de doutorado. Como o local possui um imenso acervo inexplorado, ainda podem pintar outros documentos mais antigos. Confira ao lado a versão original do velho texto. E depois, claro, sua "tradução"!

Texto Original

Noticia fecit pelagio romeu de fiadores Stephano pelaiz .xxi. solidos lecton .xxi. soldos pelai garcia .xxi. soldos. Güdisaluo Menendici. xxi soldos /2 Egeas anriquici xxxta soldos. petro cõlaco .x. soldos. Güdisaluo anriquici .xxxxta. soldos Egeas Monííci .xxti. soldos [i l rasura] Ihoane suarici .xxx.ta soldos /3 Menendo garcia .xxti. soldos. petro suarici .xxti. soldos Era Ma. CCaa xiiitia Istos fiadores atan .v. annos que se partia de isto male que li avem

Versão modernizada

Pelágio Romeu lista aqui seus fiadores: para Pedro Colaço, devo dez contos; para Estevão Pais, Leitão, Paio Garcia, Gonçalo Mendes, Egas Moniz, Mendo Garcia e Pedro Soares, deve vinte contos; para João Soares, trinta contos, e para Gonçalo Henriques, quarenta contos. Agora estamos em 1175, e só daqui a cinco anos vou ter que pagar esses patrícios!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quais são os principais deuses nórdicos?

ODIN

Devido ao seu amor pela batalha, é o principal deus da mitologia nórdica – nascida em países do norte da Europa, como Suécia, Dinamarca e Islândia. Odin é o mais velho e sábio dos deuses. Com só um olho bom, ele vive com dois corvos em seus ombros: Huginn (pensamento) e Muninn (memória), que simbolizam a busca pelo conhecimento.

LOKI

“Pai das Mentiras”, é parte gigante, parte deus. Às vezes é mostrado como irmão de Thor, mas na mitologia tradicional é irmão adotivo de Odin. Tem caráter maligno, mas traz equilíbrio ao panteão dos deuses.

FRIGG

Mulher de Odin, a deusa da fertilidade veste um manto que parece com as nuvens – e que muda de cor de acordo com seu humor. Representa a feminilidade e era invocada pelas mulheres nos partos.

HEL

Filha de Loki com uma gigante de gelo, é a deusa de Niflheim, a terra dos mortos. Descrita como uma figura de feições sempre sombrias, é viva da cintura para cima e morta da cintura para baixo.

THOR

O deus do trovão, é filho de Odin com outra deusa (Fjorgyn). Muito forte, tem como arma um martelo mágico. É o grande guerreiro dos deuses contra seus principais inimigos, os gigantes de gelo.

BRAGI

Filho de Odin com uma gigante, é o porta-voz e mensageiro dos deuses. Bom de “discurso”, tem o nome citado nos brindes que antecedem a narração de grandes histórias.

TYR

Filho de Odin e Frigg, tem força e coragem, e lidera os deuses nas batalhas. Sacrificou uma das mãos para o lobo Fenrir (filho de Loki) para manter a paz entre os deuses após mais uma das brigas entre eles.

BALDER

Outro filho de Odin e Frigg, é o mais belo, misericordioso e justo dos deuses. Espalha paz onde quer que ande. Por ser o deus mais amado e popular, tornou-se um dos alvos preferidos das intrigas de Loki.

NJORD

Protetor dos navegadores, escolheu viver em Asgard após firmar uma paz com Odin. Os que o adoram navegam tranqüilos e têm boa sorte no nascimento dos filhos.

SKADI

Skadi foi para Asgard para se vingar da morte do pai, um gigante. Temendo um confronto, os deuses colocaram os olhos do pai dela como estrelas no céu e lhe ofereceram Njord como marido.

FREYA

Filha de Njord e Skadi. Deusa do amor e da luxúria, é uma mulher sensual. Amante de magia e feitiçaria, ela pode tomar a forma de um pássaro para viajar ao mundo dos mortos e trazer profecias.

FREYR

O irmão de Freyja é o deus da abundância. Decide quando a chuva cai, dá fartura aos frutos da terra, e é invocado na paz e na prosperidade. Possui um barco capaz de carregar todos os deuses.

FORSETI

O deus da justiça é filho de Balder e define as disputas entre os deuses e os humanos. Na mitologia, nunca falhou em um acordo. Falando por horas a fio, sempre convence os deuses pelo cansaço.

COMO TUDO COMEÇOU

Morte de um gigante está no início do Universo

As lendas nórdicas não têm uma versão única. Há variações nos deuses e nas descrições de como o mundo foi criado. Um dos mitos diz que Odin e seus irmãos mataram um gigante, Ymir, formado de fogo e gelo. O corpo dele virou, então, a matéria-prima para a criação do mundo:

Restos do gigante: carne

O que virou: a terra

Restos do gigante: ossos

O que virou: as pedras

Restos do gigante: sangue

O que virou: os rios e o oceano

Restos do gigante: cérebro

O que virou: as nuvens

O MUNDO NÓRDICO

Yggdrasil, a árvore da vida, tem três níveis

ASGARD

É onde vivem quase todos os deuses. A paz por lá só reinou após muitas desavenças entre eles. Asgard é cheia de grandes salões, como o grandioso Valhalla, salão de Odin.

MIDGARD

Os humanos vivem aqui. Midgard é cercada por um vasto oceano e é ligada a Asgard pela Bifrost, uma ponte em forma de arco-íris vigiada pelo deus Heimdall.

JOTUNHEIM

Região dentro de Midgard habitada por gigantes, raça que vive em conflito com os deuses. Lá fica uma fortaleza chamada Utgard, palco de várias aventuras de Thor.

NIFLHEIM

O terceiro e último nível é o domínio dos mortos. É um local gelado, onde a noite não tem fim e aonde os homens de mau caráter são enviados após a morte.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Como era a vida em um harém?

Não era uma orgia maluca como alguns pensam. Pelo contrário, a coisa era tão organizada que tinha até escala para escolher a mulher que passaria a noite com o dono do harém. Havia também uma hierarquia, dividindo a mulherada em escravas, amantes e esposas oficiais. Hoje em dia, apesar de um certo tabu sobre o tema, ainda funcionam esquemas semelhantes a haréns em regiões mais conservadoras de países árabes. Nada, porém, que se compare ao que se passou no palácio Topkapi entre os séculos 16 e 17. Situado na actual cidade de Istambul, na Turquia, o palácio, que era sede do Império Otomano, abrigou o mais famoso harém do mundo, que chegou a contar com até mil mulheres! A maior parte delas chegava lá como prisioneiras de guerra, escravas comercializadas e até como presentes de outros líderes ao poderoso sultão otomano. Actualmente, as centenas de aposentos desse harém histórico estão abertos para visita.
 Entenda como a coisa toda funcionava. : - )


CASA DA SOGRA

Mulher mais poderosa não era nenhuma esposa, nem odalisca, e sim a mãe do sultão

AS OUTRAS

Elas despertavam menos atenção que a esposa "favorita", mas outras três mulheres também ganhavam o direito de ser esposas do sultão. Esse status garantia luxos como quartos e eunucos particulares para cada uma delas.

PÔ, MANO!

Como podiam estar de olho no trono, os irmãos do sultão moravam em um aposento isolado, com vista para o harém, mas sem acesso ao mulherio. Por outro lado, alguns convidados do sultão podiam receber a honra de ganhar uma odalisca de presente.

PRIMEIRO EMPREGO

As odaliscas ocupavam o cargo hierarquicamente mais baixo entre as mulheres do sultão e tinham também que fazer os serviços domésticos, como cuidar da limpeza. As que mais se destacavam podiam ser "promovidas" a amantes (concubinas)

AMANTES OFICIAIS

As concubinas eram as mais belas e educadas escravas, que cantavam e dançavam para o sultão. Em geral, tinham direito a só uma noite de amor com ele. Mas, se engravidassem, viravam amantes regulares - por supostamente serem mais férteis para gerar herdeiros.

ORA, BOLAS

Para evitar que uma mulher tivesse um filho que não fosse do sultão, os funcionários do palácio eram castrados e diziam adeus a seus testículos. Havia tanto eunucos negros como brancos. Estes, normalmente capturados na Europa, assumiam funções administrativas.

PERDA TOTAL

Os eunucos negros eram escravos africanos que cuidavam da segurança das mulheres. O convívio próximo a elas custava-lhes a retirada não só dos testículos mas também do pênis! Era o chefe dos eunucos negros quem conduzia as amantes para os aposentos do sultão.

TODO-PODEROSO SULTÃO

Durante o dia, preocupado em liderar o império, o sultão quase não tinha contato com as mulheres todas que havia à sua disposição. Sexo mesmo só nas noites de amor e com uma mulher de cada vez - nada de chamar várias odaliscas para uma farra...

CHEFE DE FAMÍLIA

A verdadeira dona do pedaço era a mãe do sultão. Além de participar da administração do palácio como conselheira, ela selecionava as candidatas a ingressar no harém e escolhia as garotas que teriam direito a uma noite de amor com seu filho, na suíte imperial.

A FAVORITA

Entre as esposas oficiais, havia a "favorita", que era a segunda mulher mais poderosa do harém. Seu grande sonho era ver o filho assumir o trono quando o sultão morresse. Mas sempre havia o risco de o sultão indicar como herdeiro um filho com outra esposa.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quais foram as tribos mais poderosas dos EUA?

Ao longo da história americana, sobretudo no século 19, à época do Velho Oeste, os valentes povos sioux e apache se destacaram pela resistência à invasão do homem branco e pelo poderio militar. Porém, é praticamente impossível estabelecer, de facto, quais tribos foram "as" mais importantes. "De entre centenas de tribos que habitavam a América do Norte na época da colonização, listar apenas algumas sempre gera discordâncias", explica Colin Calloway, historiador especialista em nativos americanos do Darthmouth College, nos EUA. Mesmo fazendo a ressalva, o estudioso nos ajudou a montar uma linha de frente com os povos que deixaram sua marca nos EUA, enquanto sua terra natal ia sendo violentamente demarcada – actualmente, essas tribos vivem em reservas que nem de longe correspondem ao território que ocupavam originalmente.
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GUERREIROS

Os povos mais importantes na desigual luta dos indígenas americanos contra a invasão dos colonizadores brancos

APACHE

Ao lado dos sioux, os apaches foram os que resistiram à dominação do homem branco por mais tempo. Dividiam-se em várias tribos pequenas e nômades, não passando muito tempo no mesmo local. Só se renderam mesmo quando 5 mil soldados dos EUA cercaram o grupo de 50 guerreiros comandados por Gerônimo

COMANCHE

Os corajosos caçadores de búfalos não combateram apenas os States, chegando a travar brigas feias com espanhóis e até com os apaches. Adquiriram cavalos dos desafetos espanhóis e desenvolveram técnicas de combate a galope para atacar os inimigos

CREEK

Foi a primeira tribo "civilizada" pelos esforços de George Washington - primeiro presidente dos EUA. Os creeks mantinham comércio intenso com os britânicos e travaram longas guerras para proteger o território contra os americanos

NAVAJO

Exímios caçadores, também combateram os invasores espanhóis e americanos com arcos e flechas. Com 220 mil integrantes, os navajos são hoje a segunda nação indígena mais populosa dos EUA, controlando a maior reserva do país, com o tamanho da Irlanda

PUEBLO

O povo pueblo era bastante hábil no uso do barro, utilizado na construção de vasos e habitações. Suportaram a colonização de espanhóis, mexicanos e americanos, sendo uma das poucas tribos que continuam ocupando as áreas povoadas originalmente

CHEROKEE

Maior população indígena dos EUA hoje, com quase 310 mil membros, a nação cherokee acabou incorporando muitos costumes dos colonizadores europeus. Por causa disso, eram conhecidos à época como uma das "Cinco Tribos Civilizadas"

IROQUOIS

Formavam uma confederação de seis nações indígenas, vivendo democraticamente sob um mesmo governo. Mais tarde, Benjamin Franklin se inspirou no modelo da nação iroquois para elaborar a Constituição dos EUA

CHOCTAW

Também fazia parte das "Cinco Tribos Civilizadas", ao lado de cherokees e creeks, citados em nossa lista, e dos povos chickasaw e seminole. Tiveram suas terras desapropriadas para o cultivo de algodão e para habitação dos escravos empregados na lavoura

SIOUX

Formada por índios dakotas, entre outros povos, a grande nação sioux - que significa homens-búfalo - foi a mais aguerrida na defesa de seu território. Como na famosa batalha de Little Bighorn, em 1876, quando, sob o comando do chefe Touro Sentado, liquidaram a 7ª Cavalaria do general Custer

BLACKFOOT

Os mocassins com sola preta que calçavam lhes renderam o apelido de blackfeet – "pés pretos", em inglês. Se valiam de uma agressiva cavalaria, equipada com armas de fogo, para dominar tribos vizinhas e tocar o terror contra os invasores de pele branca

CHIPPEWA

Viver à beira dos Grandes Lagos especializou a tribo na pescaria, mas não diminuiu seu poder de fogo. Lutaram ao lado de franceses contra outros indígenas e deram uma força aos ingleses que batalhavam contra a ex-colônia que já se chamava Estados Unidos

MANDAN

Mais pacíficos, se dedicavam à agricultura. Não à toa, suas vilas tornaram-se grandes centros para comércio de artigos hortifrútis. Como várias tribos, sofreram com epidemias de varíola que dizimaram grande parte da população no século 19

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Quais eram os principais tipos de gladiador?

TRÁCIO

Havia pelo menos seis tipos de gladiadores comuns e outros dois a cavalo. Os trácios eram os únicos a lutar com a sica, uma espada curva. Como usavam um escudo pequeno, eles tinham também chapas de metal para proteger as pernas. O capacete com plumas era outra marca registrada

SECUTOR

Treinado para encarar o retiarius, era um "tanque de guerra" bem protegido. Tinha um grande escudo retangular e capacete mais liso (para não prender na rede do retiarius) e com pequenos buracos para os olhos (para evitar as pontas do tridente). Sua arma era uma espada

DIMACHAERI

Há poucos registros sobre este tipo de gladiador - os historiadores não sabem ao certo nem quem ele enfrentava nas arenas. Mas, pelo fato de usar só duas espadas, alguns especialistas acreditam que o dimachaeri era um dos gladiadores mais bem treinados

RETIARIUS

Era o tipo mais ágil e veloz, mas também o mais indefeso, pois tinha pouca proteção - nem sequer usava capacete. Encarava gladiadores "pesados",como o secutor, usando só uma rede e um tridente. Para finalizar a luta, contava ainda com uma adaga

MURMILLO

Tinha o apelido de "homem-peixe" por usar um capacete com o desenho de um peixe na lateral. As armas e proteções eram similares às do secutor, podendo variar o escudo. As lutas entre trácios, murmillos e retiarius eram consideradas os verdadeiros clássicos das arenas

HOPLOMACHUS

Homenageava os guerreiros das falanges gregas, por isso carregava uma lança, que podia ser usada junto com uma adaga ou com uma espada. Tinha boas proteções para o corpo, como o secutor, mas precisava se virar apenas com um pequeno escudo circular

ANDABATI

A cavalo, os andabatis se enfrentavam com um capacete com o visor tampado. É isso mesmo, um combate às cegas, sem escudo e portando apenas uma espada! Eles não eram do mesmo nível dos outros gladiadores e serviam mais como um "alívio cômico" durante os jogos

EQUITES

Gladiadores montados bem mais sérios que os andabati, combatiam entre si com uma lança e um escudo circular médio. Em alguns duelos, trocavam a lança por uma espada. Os equites podiam lutar em pares ou em grupos - actuando como uma cavalaria

MULHERADA DE PEITO

Pode acreditar: no Império Romano rolava também combates entre mulheres. Aliás, esses duelos eram eventos especiais na programação dos jogos. Alguns pesquisadores acreditam que, para "animar a torcida", as gladiadoras não usavam capacetes e lutavam com pelo menos um seio aparecendo

NÃO VALIA TUDO

Lutas tinham algumas regras e até juiz acompanhando os combatentes

GOLPE FINAL

Poupar a vida de um gladiador era decisão do patrocinador da luta. Mas o publico influenciava. Ao gritar missa, eles pedia que a vida do perdedor fosse poupada; ao berrar jugula, queria ver a execução com um golpe certeiro na jugular!

DE OLHO NO LANCE

Pouca gente sabe, mas havia uma espécie de juiz, que entrava em acção quando um gladiador estava dominado. O tal "juiz" ouvia do patrocinador dos jogos e do público o veredicto final: se o lutador derrotado devia ser morto ou poupado

UMA MÃOZINHA

A luta acabava quando um gladiador morria durante o combate. Mas, às vezes, o perdedor era dominado pelo rival ainda com vida. Nessas horas, o gesto de rendição era levantar um dos braços com o dedo indicador para cima. Quando isso rolava, o juiz era acionado

ARSENAL MILITAR

Armas tradicionais dos legionários romanos também faziam sucesso nas arenas

TRIDENTE

Arma que intimidava e tinha o alcance de uma lança. As três pontas serviam ainda para desarmar o adversário - a lâmina da espada do rival ficava presa entre elas

ADAGA

Possuía corte nos dois lados da lâmina e uma ponta extremamente afiada. Assim como o gládio, fazia parte do arsenal carregado pelos legionários romanos

ESPADA CURVA

Original da Trácia - região entre a actual fronteira da Grécia com a Turquia -, era um pouco mais leve e longa que outras espadas da época, possibilitando cortes rápidos

REDE

Tinha pesos nas bordas, como uma rede de pesca. Funcionava tanto para manter o adversário a distância, como para imobilizá-lo ao ser lançada sobre ele

GLÁDIO

Clássica espada romana, o gládio não era muito longo - tinha cerca de 70 cm. Ideal para luta a média distância, era uma arma tanto de corte como de perfuração

LANÇA

Além desta lança - a hasta, que era mais longa -, havia ainda o pilo (um tipo de dardo para arremesso). O equites era o único gladiador que usava o pilo

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Como é feita a pesca submarina?

A pesca submarina é feita sem aparelhos de respiração artificial, mas o mergulhador pode usar armas para abater os peixes. Para evitar a pesca predatória, em portugal é proibido usar cilindro de oxigênio para a prática. A pesca submarina ocorre tanto em rios quanto no mar ou em lagos. Tudo deve ser em apneia, com a respiração presa. Por causa dos perigos, a actividade é hoje considerada um desporto radical. Um dos riscos que o pescador corre é a falta de oxigenação que acomete quem mergulha mais fundo do que deveria. Sem oxigênio, o cérebro perde o controle motor, e o corpo treme como se o mergulhador estivesse dançando. Quem não recebe socorro a tempo desmaia e pode até morrer. A vontade de mergulhar fundo já acompanha o homem há séculos, desde quando os polinésios desgastavam cascos de tartaruga até ficarem transparentes e os usavam como lentes em armações de madeira. Na Antiguidade, o azeite era usado para melhorar a visão, já que a oleosidade altera o índice de refração da água. Até Leonardo da Vinci desenhou um snorkel semelhante aos actuais. Comparadas aos equipamentos modernos de hoje, as invenções do passado parecem história de pescador! :c)

DE TIRAR O FÔLEGO

Mergulhador tem que ter paciência, roupas especiais e armas para se dar bem

INSPIRAÇÃO

Para aumentar o fôlego e conseguir ficar debaixo d’água por mais tempo, o caçador faz exercícios respiratórios na superfície. A hiperventilação, técnica de respirações lentas e profundas para oxigenar o corpo e expulsar o gás carbônico, garante até quatro minutos de fôlego submarino!

BALÉ SUBMARINO

O mergulhador não pode chegar e saltar na água, para não assustar os peixes. Além disso, os movimentos têm que poupar energia. Por isso, ele usa uma técnica chamada golpe de rim, que lembra um balé: prende o fôlego, dobra o corpo ao meio, joga as pernas para o ar e afunda aos poucos.
À ESPERA

Perto da superfície, a técnica mais usada é a pesca de espera, que exige relativamente pouco esforço, mas muita paciência. O pescador fica imóvel e espera que os peixes curiosos se aproximem. Quando o cardume se aproxima, basta atirar e fazer a festa. Esta caça, também pode ser usada mais no fundo do mar.

INVASÃO DE PRIVACIDADE

Em profundidades intermediárias, uma das técnicas usadas é a caça de toca. O mergulhador vai até a morada de peixes, como badejo e sargo, e ataca pelos lados, para pegar de surpresa. O peixe geralmente é arisco por causa de ataques anteriores. Exemplares maiores podem até matar se na fuga baterem de frente com o caçador.

MODA SUBMARINA

O mergulhador precisa estar prevenido: a roupa de neoprene protege do frio e de cortes, e máscara, luvas e botas de borracha também são indispensáveis. As barbatanas ajudam a se deslocar. A faca serve para cortar redes ou o cinto de lastro, que dá estabilidade, mas, se pesado demais, impede uma volta à superfície rápida. A boia lá em cima avisa que existe mergulhador por perto.

DE PASSAGEM

No fundo do mar, é comum usar a técnica da pesca de passagem, que visa os peixes que sempre ficam em trânsito, como atum e dourado. Pode acontecer em águas oceânicas a até 70 metros de profundidade. A tática é a mesma da pesca de espera: passou, atirou. As armas precisam ser grandes porque os peixes nessas circunstâncias também são maiores.
TIRO AO ALVO

Com gatilhos sensíveis, armas só devem ser carregadas dentro d’água

ARBALETE

Duas tiras de borracha seguram o arpão. Com o disparar do gatilho, a borracha é solta e o arpão "voa" em direção ao peixe, mas com um fio de náilon junto. Depois do tiro, é só seguir o fio e pegar o peixe.

ESPINGARDA

Quando a arma é carregada, o compartimento de ar comprimido fica sob a pressão de um êmbolo no cano. Na hora do tiro, o ar empurra o êmbolo no sentido contrário e projeta o arpão, também preso por um fio.

TIRO AO ALVO

A melhor parte para acertar o peixe é a cabeça, sobretudo o olho, porque a morte é instantânea. Outra região vulnerável é a cauda – o arpão pega a coluna vertebral e desnorteia o bicho. O abdômen, que não prende o arpão, deve ser evitado.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Fazer sexo por dinheiro já foi um acto sagrado

O costume pode assombrar as mais liberais das raparigas de hoje, mas foi registrado pelo grego Heródoto, no século 3 a.C. Na Babilônia, nenhuma mulher se casava antes de passar pelo templo de Istar, deusa do amor e da fertilidade. Lá, ficava à espera do primeiro homem que lhe jogasse uma moeda. Os mais generosos jogavam três. Mas o que importa é que a mulher não podia recusar o parceiro: para os babilônicos, a deusa ficaria muito ofendida caso a oferta não fosse aceita, e o casamento da jovem não teria o menor futuro.

Segundo Heródoto, depois de pegar os trocos, a senhorita deveria tirar a roupa e transar com o estranho ali mesmo, no templo da deusa.

Outra pista histórica da fé em Istar é o poema da sacerdotisa Enheduana, filha do rei Sargão de Agade (2334-1179 a.C.), que alertava: “Desde que a senhora Istar desceu à terra do Sem-Retorno / O touro não cobre mais a vaca, o asno não se curva mais sobre a sua fêmea / O homem não se curva para a mulher na rua / O homem dorme em seu aposento / A mulher dorme sozinha”.

"Deusas" casavam com reis

No mesmo período em que mulheres se prostituíam em nome de Istar, devotas de Inana – deusa da fertilidade dos sumérios – encenavam o casamento da divindade. Durante a celebração, que coincidia com o ano novo, uma mulher era escolhida na multidão para representar Inana. E o rei, tido como uma figura divina, transformava-se em Dumuzi, seu amante.
Após os primeiros cânticos, os dois passavam para um aposento à parte, na torre do templo – o zigurate. Lá, a mulher conduzia o monarca. Ela deveria dançar sensualmente, perfumar as coxas com aromas silvestres e deitar seu amante no leito, onde manteriam relações sexuais.

O ritual estendeu-se pelo Oriente Médio, até ser incorporado à cultura grega. Inana foi substituída por Afrodite. E a prática passou a ser chamada, entre os gregos, de hieros gamos, ou “sexo sagrado”.

Sexo santo

• Os rituais de sexo sagrado foram uma prática comum em diversos povos por quase um milênio. Os relatos mais antigos sobre sacerdotisas-prostitutas estão no épico Gilgamesh, escrito por volta de 2500 mil a.C., em que a deusa adorada é a babilônica Istar.

• Existem diversas explicações sobre a origem dos rituais sexuais. Uma das mais aceitas é a de que as celebrações derivem dos rituais de casamento de tribos primitivas. Em muitas tribos, a mulher, antes de casar-se, era entregue a um outro homem.

• O povo romano foi o último a ver o sexo como sagrado. As mulheres iam até o templo da deusa Juno Sospita e, em troca de favores, transavam com estranhos. O fim do costume é explicado pela expansão do Império. Durante as guerras, os romanos passaram a idolatrar deuses – protetores dos soldados.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O outro Jesus

A Bíblia não diz por onde andou o filho de Maria dos 13 aos 29 anos de idade. Lendas e histórias cultivadas na oralidade e transcritas para livros antigos têm a resposta

Um homem sábio anda pelo mundo curando doentes e fazendo milagres enquanto prega uma mensagem de paz e amor ao próximo. Parece familiar? Bom, você não é o único que se lembrou de Jesus. Mas essa também é a história de Yus Asaf, curandeiro misterioso que visitou a Caxemira no século 1. E também a lenda de Issa, andarilho que estudou anos com sábios na Índia e no Tibete em busca da iluminação. Ou de Apolônio e de um certo budista. Todos são personagens que viveram no Oriente Médio na época de Cristo e têm biografias repletas de feitos espetaculares e mensagens de sabedoria. São tantas semelhanças que há quem acredite tratar-se todos da mesma pessoa. O que responderia um dos grandes mistérios do cristianismo, a chamada vida secreta de Jesus.

Sim, há algo oculto na biografia do Messias. Ninguém sabe onde ele esteve e o que fez dos 13 aos 29 anos. O Novo Testamento só menciona seu nascimento e uma aparição aos 12 anos, quando ele discute teologia com sábios do Templo de Jerusalém. “Depois disso, há um salto no tempo, e Cristo reaparece já com 30 anos sendo batizado por João, antes de começar sua pregação”.

A ausência de dados não surpreende os estudiosos da Bíblia. “Os evangelhos não têm uma preocupação histórica, pois foram escritos para anunciar uma mensagem religiosa”. Essa lacuna, no entanto, deu margem a várias especulações, como a de que Jesus passou 17 anos peregrinando pelo mundo. No roteiro, teria visitado a Índia, o Tibete, a China, a Pérsia (atual Irã) e países vizinhos. Alguns defendem que ele chegou até mesmo ao Japão e à Inglaterra. Em cada lugar, o Messias teria convivido com reis, sábios e homens santos de antigas tradições, sempre em busca dos fundamentos e lições de outras religiões e povos.

O pesquisador russo Nicholas Notovich, autor do livro A Vida Desconhecida de Jesus, foi um dos principais defensores dessa teoria. No século 19, ele apresentou manuscritos antigos que narravam a vida de Issa, homem santo que, “ao completar 14 anos, deixou a casa dos pais, em Jerusalém, e partiu com um grupo de mercadores”. Notovich dizia ter encontrado os documentos num mosteiro tibetano e defendia que aquele homem era Jesus. Na opinião dos estudiosos da Bíblia, esse tipo de associação não faz sentido e deve ser encarada com muita cautela. “As religiões da Índia diferem muito das que surgiram no Oriente Médio. Logo, não tem fundamento relacionar Jesus a essas lendas”. De fato, não existem provas concretas da vida de Jesus, muito menos de todas essas histórias. Mas também não existem provas em contrário.
No rastro do Messias

Conheça alguns dos homens cuja identidade se confunde com a de Jesus

Yus Asaf, o curandeiro
No século 1, o andarilho Yus Asaf (“líder dos curados”, em persa), percorreu o Oriente Médio, realizando milagres e curas semelhantes aos de Jesus. Segundo essa versão, ele não teria morrido na cruz: aos 33 anos, teria seguido para o norte da Índia, onde viveria até os 120 anos. Seu suposto túmulo, em Srinagar, atrai peregrinos até hoje.

Origem: Caxemira.

Fontes: Tahrik-i-Kashmir (“História da Caxemira”) e a escritura hindu Bhavishya Mahapurana.

Quem acredita: seguidores da seita ahmadi, uma corrente do islã, e alguns adeptos do hinduísmo.

Apolônio, Da Capadócia

Lendas e livros antigos contam que Apolônio foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu de uma virgem e partiu jovem para conhecer o mundo. Controlava as leis da natureza, curava doentes e conseguia até evitar guerras. Apesar das coincidências, seu nome era Apolônio, da Capadócia (atual Turquia). Morreu em Éfeso, aos 100 anos. Só faltou ser na cruz.

Origem: Capadócia (atual Turquia).

Fontes: A Vida de Apolônio, livro do século 3.

Quem acreditava: pagãos do Império Romano.

Um botisatva budista
Uma lenda indiana diz que, para salvar Jesus da perseguição do rei Herodes, seus pais foram para o Egito. No caminho, ele teria convivido com budistas em Alexandria. O contato de Jesus com o budismo também está em A Vida de São Issa. Escrito no século 2, o texto fala de um profeta de Jerusalém que estudou num mosteiro do Nepal. Até hoje, budistas consideram Jesus um botisatva, “homem iluminado”, em sânscrito.

Origem: Egito, Índia e Tibete.

Fontes: A Vida de São Issa.

Quem acredita: alguns budistas.

Issa, o profeta

O Alcorão conta que o filho de Maria nasceu num dia de sol, na sombra de uma tamareira. Nesse livro, Jesus é conhecido como Issa, profeta da linhagem iniciada por Abraão e concluída por Maomé. Nessa versão, o suposto Jesus também não morre na cruz. “Não sendo, na realidade, certo que o mataram nem o crucificaram, mas o confundiram com outro”, diz o versículo 157, da 4ª surata.

Origem: Oriente Médio.

Fonte: Alcorão.

Quem acredita: muçulmanos.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Vírus da gripe: Falsa inocência (artigo publicado em 1987)

O vírus da gripe foi o que mais matou no século XX. Ele usa disfarces para enganar o corpo.

O maior assassino entre todos os vírus não é o HIV nem o tão temido ebola. Você o conhece muito bem. Provavelmente já foi sua vítima. O influenza, que provoca a gripe, pode dar origem a complicações sérias como a pneumonia, especialmente em crianças e idosos, e levar à morte. Esperto, ele disfarça-se a cada investida, como um bandido que não quer ser reconhecido. Assim, sorrateiramente, engana as defesas do organismo e causa as epidemias que fazem parte do nosso cotidiano, marcadas por narizes escorrendo, espirros, dores pelo corpo e muita, muita indisposição. Três tipos de influenza já foram identificados pelos cientistas: A, B e C. Mas só os dois primeiros atacam o homem. O outro faz vítimas entre animais, como a galinha e o porco.

Em lugar de óculos escuros, esses biomalandros se aproveitam da capacidade de alterar levemente uma proteína de sua superfície, a hemaglutinina, para se camuflar. Como as células de defesa só guardam a aparência da invasão anterior em sua memória, deixam o novo intruso fazer a festa. É por isso que todos os anos as vacinas contra a gripe são diferentes.

Mas às vezes o influenza se programa para metamorfoses radicais. Aí, ele vira um supervírus, muito mais feroz. Numa dessas transformações, mais de 20 milhões de pessoas morreram numa pandemia – epidemia que se espalha mundialmente – em 1918, a da gripe espanhola. Escaldada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) monitora cada passo do vírus. “Hoje é difícil que uma pandemia volte a acontecer”, avalia a virologista Terezinha Maria de Paiva, do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. O assassino não foi preso, mas está sob vigilância.

Perseguição ao espirro

Fabricar todo ano uma vacina contra a gripe não é fácil. Um exército instalado em 110 laboratórios de 82 países persegue os vírus mutantes dia e noite. É a Rede de Vigilância Epidemiológica do Vírus da Gripe, que colhe amostras de células de narizes mundo afora e as manda para institutos autorizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Depois de analisadas, elas seguem para a sede da OMS, na Suíça, que faz a fórmula da vacina a ser aplicada no inverno.

O massacre dos inocentes

No final de 1997 o mundo escapou por pouco de outra pandemia de gripe, como as que aconteceram em 1918, 1957 e 1968. Em Hong Kong, na China, um novo subtipo do influenza começou a ser transmitido de galinhas para humanos. Dezoito cidadãos foram infectados, seis morreram. Por sorte, as autoridades identificaram rapidamente o vírus e ordenaram que todas as galinhas da região – 1,3 milhão – fossem exterminadas, Sem dó.

Quem sabe?

O primeiro registro histórico sobre a gripe foi feito em 412 a.C. pelo grego Hipócrates, o pai da Medicina. O nome influenza vem do italiano e surgiu porque se achava que a doença era causada pela influência do vento frio do inverno.

Fábrica perigosa

A supergripe de 1918 nasceu da combinação de duas outras.

1. Um vírus de aves infectou os porcos, que, assim como o homem, também são suscetíveis à doença.

2. Os vírus que circulavam entre os humanos e que não matavam com freqüência também infectaram os suínos.

3. Dentro do porco, os dois vírus se combinaram e originaram um supervírus, cuja molécula de hemaglutinina era completamente diferente da dos vírus que normalmente atacavam o homem. A gripe provocada por esse novo vírus, muito mais perigoso, causou a pandemia conhecida como gripe espanhola.