terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Por que o Natal é comemorado em 25 de Dezembro?

Parece incrível, mas a escolha da data não tem nada a ver com o nascimento de Jesus. Os romanos aproveitaram uma importante festa pagã realizada por volta do dia 25 de Dezembro e "cristianizaram" a data, comemorando o nascimento de Jesus pela primeira vez no ano 354. A tal festa pagã, chamada de Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra, popular em Roma. As comemorações aconteciam durante o solstício de inverno, o dia mais curto do ano. No hemisfério norte, o solstício não tem data fixa - ele costuma ser próximo de 22 de Dezembro, mas pode cair até no dia 25. A origem da data é essa, mas será que Jesus realmente nasceu no período de fim de ano? Os especialistas duvidam. "Entre os estudiosos do Novo Testamento e das origens do cristianismo, é consenso que ele não nasceu em 25 de Dezembro", afirma o cientista da religião Carlos Caldas, da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Na Bíblia, o evangelista Lucas afirma que Jesus nasceu na época de um grande recenseamento, que obrigava as pessoas a saírem do campo e irem às cidades se alistar. Só que, em Dezembro, os invernos na região de Israel são rigorosos, impedindo um grande deslocamento de pessoas. "Também por causa do frio, não dá para imaginar um menino nascendo numa estrebaria. Mesmo lá dentro, o frio seria insuportável em Dezembro", diz Caldas. O mais provável é que o nascimento tenha ocorrido entre Março e Novembro, quando o clima no Oriente Médio é mais ameno.

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Quando e por que o Papai Noel passou a simbolizar o Natal?

O mito do bom velhinho foi inspirado em São Nicolau, um bispo católico que viveu no século 4 na cidade de Mira, actual Turquia. "Ele ficou conhecido em todo o Oriente por sua bondade e pela atenção com as crianças", afirma o frei Luiz Carlos Susin, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Diz a lenda que Nicolau presenteava as crianças no dia de seu aniversário, em 6 de Dezembro. Nos séculos seguintes, o mito se espalhou pela Europa e a data da entrega de presentes acabou se confundindo com o nascimento de Cristo. "Quando a história chegou à Alemanha, no século 19, o velhinho ganhou roupas de inverno, renas, um trenó de neve e uma nova casa: o Pólo Norte", afirma Luiz.

Nessa época, Noel ainda era representado como um homem alto e magro com roupas que variavam de cor - dependendo do relato, elas eram azuis, amarelas, verdes ou vermelhas. A silhueta rechonchuda, o rosto barbudo e os trajes vermelhos que conhecemos hoje apareceram pela primeira vez na revista americana Harper’s Weekly, em 1881. A figura, desenhada pelo cartoonista Thomas Nast, sofreu uma nova transformação em 1931. Na criação de um anúncio para a Coca-Cola, o desenhista Haddon Sundblom acrescentou um saco de presentes e um gorro ao personagem. A série de comerciais que mostrava Noel metido em situações engraçadas para entregar seus brinquedos rodou o mundo, popularizou essa imagem e, claro, turbinou as vendas do refrigerante.

O nome Santa Claus, como Noel é conhecido em inglês, é uma adaptação de Sinter Klaas, forma como São Nicolau era chamado pelos holandeses, que levaram suas tradições natalinas para colónias na América no século 17 (entre elas a região da cidade de Nova York). Já por aqui, a origem da expressão "Papai Noel" tem raízes no idioma francês, no qual Noël significa "Natal". Ou seja, no Brasil, o bom velhinho ganhou um carinhoso nome que significa literalmente "Papai Natal".

Lar gelado

Finlandeses dizem que o bom velhinho mora na Lapónia

A lenda de que Noel vivia no Pólo Norte, onde comandava sua oficina de brinquedos, serviu para os finlandeses estimularem o turismo local. Na década de 1950, o governo construiu uma vila de madeira na cidade de Rovaniemi, na região da Lapónia, que acabou se tornando o lar oficial do Papai Noel. Quem decide enfrentar o rigoroso inverno Árctico pode entregar seus recados pessoalmente a um duplo do bom velhinho, que recebe aproximadamente 700 mil cartas por ano - quase todas, é claro, com pedidos de presentes.

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Qual é a origem da árvore de Natal?

Enfeitar árvores, é um ritual antiquíssimo, presente em praticamente todas as culturas e religiões pagãs, para celebrar a fertilidade da natureza. Os primeiros registos de sua adopção pelo cristianismo vêm do norte da Europa (terra dos pinheiros, a árvore de Natal clássica), no começo do século XVI - mas tudo indica que, a essa altura, já era uma tradição medieval. No antigo calendário cristão, o dia 24 de Dezembro era dedicado a Adão e Eva, cuja história costumava ser reencenada nas igrejas. "O paraíso era representado plasticamente por uma árvore carregada de frutos, colocada no meio da cena teatral", afirma o teólogo Fernando Altermeyer, da PUC-SP.

As pessoas, então, passaram a montar essas alegorias em suas casas, com árvores cada vez mais decoradas: de velas (simbolizando a luz de Cristo), estrelas (alusão à estrela de Belém) e rosas (em homenagem à Virgem Maria) até hóstias (pedindo perdão pelos pecados). Nos séculos XVII e XVIII, o hábito se tornou tão popular entre os povos germânicos que eles mesmos o creditaram a seu maior líder religioso, Martinho Lutero (1483-1546), fundador do protestantismo. A árvore de Natal só se difundiu pelo resto do planeta a partir de 1841, quando o príncipe Albert (1819-1861) - esposo alemão da rainha Vitória - montou uma delas no palácio real britânico. Na época, o império vitoriano dominava mais de meio mundo e o costume logo se tornou universal.

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