segunda-feira, 6 de setembro de 2010

OS SUMÉRIOS E O POVO HANUNNAKI


Os sumérios descreviam nosso sistema solar como um conjunto de 12 corpos celestes significativos. Na linguagem zodiacal, estes astros são todos chamados "planetas", embora, entre eles, os antigos incluíssem a Lua e o Sol. Isso significa que os mesopotâmicos, não somente possuíam um inexplicável conhecimento astronómico; eles também afirmavam a existência de planetas que somente a ciência contemporânea pôde reconhecer, como o longínquo Plutão, hoje destituído de seu status planetário; os misteriosos Úrano e Saturno e o até hoje desconhecido porém procurado 12º planeta, este que os sumérios denominavam Nibiru. Ora, se os sumérios, há 6 mil anos, estavam correctos em relação aos nove planetas reconhecidos hoje, porque não poderiam estar igualmente correctos, em relação a Nibiru?

Há seis mil anos atrás, os Sumérios conheceram um planeta chamado Nibiru. Era o planeta de origem de um povo descrito pelos antigos como "raça dos deuses". Os nativos de Nibiru visitaram a Terra no passado influenciando decisivamente a cultura humana. Artefactos e tabuletas cuneiformes de argila e pedra encontradas no Iraque referem-se claramente a um planeta de onde vieram viajantes cósmicos.

Aos poucos, a pesquisa sobre Nibiru começa a aparecer, ainda que o planeta seja chamado por outros nomes, como <>, 12º planeta ou "planeta da cruz" (Planet of the crossing). Os sumérios tinham doze corpos celestes em seu zodíaco, contando o sol e a lua e mais DEZ Planetas que, afirmavam, pertencem ao nosso sistema solar.

Hoje os cientistas estão procurando por este planeta misterioso nos confins do espaço; a NASA está empenhada nesta pesquisa e os especialistas investigam porque já têm certeza de que o "Planeta X" existe é real. Observado há milhares de anos passados, Nibiru não é visto nos céus contemporâneos. Isso acontece porque a órbita do 10º planeta (12º astro dos sumérios) é uma elíptica extremamente alongada. Durante milénios, o globo se mantém longe do sol e da vista dos terráqueos, muito além da órbita de Plutão.

A herança destes remotos alienígenas aparece na avançada tecnologia dos sumérios e de outros povos ao redor do mundo. Muitas relíquias não são acessíveis ao público que, assim, desconhece essa face da mitologia mesopotâmica. No caso dos sumérios, sua cultura é a mais antiga do Ocidente. Entretanto, seu sistema matemático e o calendário permanecem actuais.

A Evidência Tecnológica

Há muito tempo escavações arqueológicas têm trazido à luz artefactos, ferramentas, máquinas e registos que surpreendem, pelo seu avanço, as expectativas dos estudiosos. São objectos inexplicáveis para a ciência histórica académica. No deserto do Iraque foram encontradas baterias de argila com eléctrodos datadas em 2 mil e 500 anos antes de Cristo; em uma pirâmide funerária, havia um modelo de aeroplano perfeitamente funcional.


Nave suméria Nave suméria Escrita em argila Escrita Cuneiforme


Mais recentemente, a redescoberta de ouro monoatómico em sítios arqueológicos do Oriente Médio veio reforçar a crença em civilizações do passado altamente sofisticadas. As substâncias monoatómicas são supercondutoras de energia em temperatura ambiente e possuem propriedades anti-gravitacionais. Somente nos últimos anos o ouro monoatómico tem sido investigado pela física. Arqueologicamente, entretanto, o ouro monoatómico mesopotâmico é conhecido desde 1889, quando sir Flinders Petrie demonstrou que o material era produzido há 3 mil anos atrás.

A Evidência Genética

Os registos sumérios localizam o laboratório, onde os Anunnaki criaram o homo sapiens na região leste da África Central, próximo às minas de ouro. É uma área que coincide com o lugar onde foi encontrado o mais antigo ADN mitocondrial, pertencente ao fóssil que ficou conhecido como Lucy. Os arqueólogos também encontraram ruínas de minas de ouro de 100 mil anos. Os documentos descrevem, ainda, os avanços da engenharia genética. O rápido progresso da espécie humana sapiens, que chega a Marte apenas 250 mil anos depois de começar a realmente "sair das cavernas" é notavelmente anómalo diante dos milhões de anos que foram necessários para consolidar os membros mais antigos do nicho dos homo erectos.

A Evidência Documental

O registo histórico documentado da existência e das realizações dos Anunnaki começaram a aparecer desde os primeiros anos do século XIX. A escavação de antigos sítios arqueológicos mesopotâmicos revelaram uma avançada civilização Suméria. Milhares de lâminas de argila contêm escrituras relacionadas não somente com às questões do quotidiano, como o comércio, os casamentos, as acções militares e sistema de cálculos astronómicos; as tábuas cuneiformes também falam dos Anunnaki.

Fica evidente que os sumérios sabiam perfeitamente que aqueles seres eram criaturas vivas, de "carne e osso". A Biblioteca de Assurbanipal, apesar de ter sofrido um incêndio, não perdeu nada de seus documentos feitos de argila, resistente ao fogo. Assim, foram preservadas 400 tabuletas cuneiformes que contêm a história dos tempos arcaicos, sem falhas; uma espécie de "cápsula do tempo" feita de barro cozido. São estes documentos que contam a saga dos Anunnaki.

Divindade suméria Rei Sumério Mapa Suméria

Os viajantes de Nibiru que chegaram à Terra são chamados Anunnaki e foram considerados deuses. A tradição conta que os Anunnaki possuíam "servos" que eram "seres andróides". Não eram seres vivos mas agiam como se fossem.

Zecharia Sitchin é linguista, perito em escrita cuneiforme (suméria) e em muitas outras linguagens antigas. Em 1976, publicou The Tewlfht Planet e assim começou sua trajectória transformadora da pesquisa da história antiga. Em 1993, lançou seu sexto livro, parte da série de Earth Chronicles (Crónicas da Terra) - When Time Began. Este último livro fala das relações entre o complexo calendário de Stonehenge, as ruínas de Tiahuanacu, no Peru, a antiga cultura suméria e, por extensão, a conexão desses monumentos antigos com os Anunnaki. Sitchin defende que os Anunnaki não são uma alegoria ou criação fabulosa dos sumérios; antes, são seres humanóides que habitam o misterioso planeta Nibiru.

A órbita excêntrica, extensa de Nibiru, faz com que o planeta passe milénios totalmente invisível à observação no centro do sistema solar. Zecharia Sitchin acredita que quando a posição de Nibiru é favorável, ciclicamente, os Anunnaki - habitantes de Nibiru - visitam a Terra e interferem no curso da história humana. O ano de Nibiru corresponde a 3 mil e 600 anos terrenos, período regular de intervalo entre as visitas dos Anunnaki.

Sitchin já decifrou mais de dois mil cilindros e fragmentos de cerâmica com inscrições da Mesopotâmia, alguns de 4.000 a.C., que fazem parte do acervo de museus de todo o mundo. Um desses fragmentos, que se encontra na Alemanha, indica que a Terra é o "sétimo planeta", contando a partir de Plutão. Ocorre que Plutão somente foi descoberto pela astronomia moderna no início do século XX. Como os sumérios poderiam saber de tal coisa?

O linguista acredita que, na antiguidade, seres conviveram com antigos mesopotâmicos e foram os "instrutores", os deuses da humanidade dos primeiros tempos históricos (pós-advento da escrita). Comparando as mitologias da Criação de diferentes culturas, verifica-se a coincidência dos mitos, que são recorrentes nas referências a uma "colonização" ou instrução das primeiras nações humanas por seres superiores, que vieram do espaço e se encarregam de ensinar aos homens primitivos as "artes" que caracterizam as civilizações.

Sempre buscando a identidade desses "instrutores celestes", Sitchin começou sua jornada pelo mundo das cidades antigas e dos grandes impérios do passado. Uma de suas conclusões mais significativas afirma a existência, em Marte, de uma estrutura alienígena, artificial, de forma piramidal, situada na região denominada Cydonia. Essa pirâmide não é a única; sua distância em relação a outra estrutura semelhante é proporcionalmente idêntica à distância que existe entre a Esfinge e as pirâmides do Egipto.

Essas relações entre pirâmides podem significar que elas servem como marcos topográficos para viajantes celestes, como os Annunaki, tanto na Terra quanto em Marte. Sitchin acredita que as pirâmides de Gize não foram uma realização dos egípcios. Em 1993 foi divulgada a descoberta de que a Esfinge é dois mil anos mais antiga do que se pensava, o que reforça a teoria de Sitchin.

O Buraco de Saddam

Polémico, Sitchin fundamenta suas teorias em rigorosas traduções dos textos sumérios, escrituras Védicas (indianas) e textos originais da Bíblia escritos em hebraico e grego. O local, na Terra, de chegada ou aterragem dos Annunaki é uma região chamada Eridu, sul do Iraque. A dificuldade de captura de Saddam Hussein decorreu do fato de que seu esconderijo, o "buraco" onde foi encontrado o ditador, é parte de uma pirâmide construída na antiguidade e desconhecida dos arqueólogos que trabalham naquele país.

O Céu do Hemisfério Sul

A NASA localizou uma maciço e negro objecto cósmico nos céus do hemisfério sul, fato que pode justificar a recente reactivação de telescópios na Argentina e no Chile. Sitchin, que visitou vários observatórios astronómicos da antiguidade, constatou que todos privilegiam a visão do quadrante sul e também estão localizados na mesma latitude da Terra. Muitos desses observatórios permitem medir com exactidão o nascer do sol e da lua. É possível que esse notável interesse pelo céu tenha sido motivado pela expectativa de um retorno desses que foram, no passado, considerados criadores e instrutores da raça humana.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pio XII: bendito ou maldito?


Pio XII foi eleito papa no mesmo ano em que a Segunda Guerra Mundial estourou: 1939. Até hoje não se chegou a uma conclusão sobre a postura do religioso durante o Holocausto. Afinal, a Igreja foi omissa? Uma reação firme teria evitado ou aumentado o número de inocentes mortos?
A reconciliação entre a Igreja e os judeus avançou mais nos últimos 40 anos do que em toda a História do cristianismo. Mas resta um grande obstáculo a superar: a campanha pela beatificação de Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli, o papa Pio XII (1876-1958). Iniciada em 1965, a causa estava suspensa pelo Vaticano até outubro último, quando, durante a missa do aniversário de 50 anos da morte de seu antecessor, Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI, argumentou pela retomada do caso. O problema é que líderes de organizações judaicas e famílias de sobreviventes do Holocausto acusam o sumo pontífice de omissão ante as atrocidades nazistas na Segunda Guerra Mundial, iniciada em setembro de 1939. Já o Vaticano assegura que Pio XII, que assumiu o papado há 70 anos, em março de 1939, atuou em silêncio para evitar o pior.

Essa controvérsia causaria surpresa para muitos judeus que viveram durante o conflito. Albert Einstein (1879-1955), um refugiado do nazismo, e a primeira-ministra israelense Golda Meir (1898-1978), por exemplo, expressaram publicamente sua gratidão ao Santo Padre por salvar judeus do genocídio. A polêmica só ganhou força em 1963, com a peça de teatro O Vigário, do protestante alemão Rolf Hochhuth, hoje com 77 anos. Nela, Pacelli era retratado como um sujeito calculista e sem moral, que ignorou o sofrimento dos judeus em nome de interesses próprios. É uma obra de ficção, embora ancorada em ampla pesquisa do autor. Até que ponto ela teria algo de verdade?

Essa é a pergunta que ainda hoje instiga os historiadores. Nos últimos anos, mais de dez livros foram lançados, com diferentes interpretações sobre a conduta do pontífice antes e durante o regime nazista. Em geral, eles podem ser divididos entre os pró e os contra Pio XII. Uns o acusam de ser cúmplice do Holocausto, enquanto outros garantem que ele atuou nos bastidores para salvar quantas pessoas pôde. Mas, antes de conhecer os argumentos dos dois lados, é preciso entender a situação do Vaticano nos anos anteriores à Segunda Guerra.

Igreja ameaçada

O poder dos papas vinha naufragando desde a Revolução Francesa, em 1789. Na época, a razão começava a reinar sobre a fé, e os Estados modernos estavam dispostos a separar a religião da política. Durante o século 19, as propriedades da Igreja foram saqueadas e seus territórios viviam sob constante ameaça. Em 1809, o imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821) chegou a sitiar o Vaticano e prender Pio VII (1742-1823). Na tentativa de diminuir o poder do catolicismo na França, ele manteve o pontífice confinado durante mais de quatro anos.

Napoleão foi derrotado em 1815, mas o processo de unificação da Itália botou as terras da Igreja novamente em risco. Em 1860, o rei piemontês Vitório Emanuel II (1820-1878) já controlava quase todos os domínios papais do centro da Itália. Nessa época, surgiram duas correntes dentro da Santa Sé. Uma delas insistia no poder papal absolutista: a outra queria repartir esse poder com Igrejas nacionais independentes de Roma. A primeira alternativa levou a melhor no Concílio Vaticano I. A Igreja proclama, em texto de 1870, o dogma do papa incontestável e infalível. Os líderes nacionalistas logo deram o troco. Na Alemanha, na Bélgica e na Suíça, ordens religiosas foram expulsas pelos governos locais e o ensino ficou nas mãos do Estado. Na Itália, manifestantes protestaram durante o cortejo fúnebre de Pio IX (1792-1878) e só não jogaram o caixão no rio Tibre porque os seguranças agiram rápido e salvaram o cadáver do papa.

Diplomata centralizador

Diante da crise, os novos líderes da Igreja tinham agora um duplo desafio: defender a integridade da instituição e recuperar o poder político entre os donos da Europa. Para isso, a Santa Sé investiu pesado na formação de diplomatas - entre eles Eugenio Pacelli, um romano nascido em 1876 numa família de juristas a serviço do Vaticano. Ele ajudou a reformular a legislação católica, a fim de conceder aos pontífices uma autoridade indiscutível. Em 1917, essas leis foram compiladas no Código de Direito Canônico.

Partidos fechados

O outro trunfo de Pacelli era um doutorado sobre as concordatas, nome dado aos tratados que a Santa Sé usava (e continua usando) para regular suas relações com os Estados - por exemplo, para garantir o direito da Igreja de controlar escolas religiosas ou celebrar casamentos. Em novembro último, o Brasil assinou um acordo desse tipo com o Vaticano, que gerou críticas de entidades contrárias ao ensino religioso em escolas públicas e a outros privilégios de caráter não-laico.

Durante décadas, o conteúdo desses tratados (em geral assinados pelo papa com os soberanos, ou por cardeais-secretários de Estado com embaixadores autorizados) tinha variado de acordo com o país. "Com o código de 1917, porém, a concordata virou um instrumento que impunha condições a bispos, padres e fiéis, sem consultas e em qualquer lugar do mundo", diz o jornalista britânico John Cornwell, autor de O Papa de Hitler - A História Secreta de Pio XII.

Foi uma dessas concordatas que o papa Pio XI (1857-1939) assinou em 1929, com o ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945): o Tratado de Latrão. Elaborado pelo irmão mais velho de Pacelli, Francesco, o documento reconhecia o Vaticano como Estado soberano e o catolicismo como a única religião da Itália. Em troca, fechava o Partido Popular Católico. Por quê? Simples: o Vaticano queria os fiéis fora da política para não prejudicar sua hierarquia e influência.

Muito antes de se tornar líder máximo dos católicos, Pacelli estava convencido de que a Igreja só permaneceria unida no mundo moderno com o fortalecimento da autoridade dos papas. Na década de 20, quando era embaixador do Vaticano na Baviera, ele tinha assinado esses acordos com a Rússia, a Letônia e a Polônia. Em 1933, já secretário de Estado do Vaticano, ele via no Tratado de Latrão o modelo perfeito para seu maior objetivo: uma concordata com a Alemanha, onde viviam cerca de 23 milhões de católicos.

O único problema era o chanceler Adolf Hitler (1889-1945). "Pacelli e Hitler nutriam um desprezo mútuo. Cada um se sentia ameaçado pelo potencial do outro de exercer poder mundialmente", escreve o jornalista americano Dan Kurzman no livro Conspiração contra o Vaticano. "Apesar da desconfiança, os dois viram vantagens - pelo menos temporárias - em frear o conflito com a assinatura de uma concordata em 1933." O acordo tornou todos os alemães sujeitos às leis canônicas e acabou com o Partido do Centro Católico, a única agremiação democrática que ainda restava no país.

Até aqui, não há grandes dúvidas a respeito do religioso. Os historiadores começam a se dividir a partir do momento em que o cardeal se tornou papa, em 1939. Afinal, ele foi omisso ou discreto durante o Holocausto?

Contra Pio XII

Para Cornwell, o italiano não foi apenas omisso; ele ajudou o Führer: "Como disse Hitler, numa reunião ministerial de 14 de julho de 1933, a garantia de não-intervenção de Pacelli deixava o regime livre para resolver a questão judaica". Isso não significa que Pacelli simpatizasse com o Partido Nazista. Ao contrário: não apoiava sua plataforma racista e via nele uma ameaça à religião. "Mas o temor ao nazismo era ofuscado por um medo ainda maior de Pacelli, o comunismo", diz o historiador Michael Phayer, da Universidade de Marquette, nos Estados Unidos. Foi com essa mesma lógica antimarxista que a Igreja apoiou ditadores como Benito Mussolini, na Itália, e Francisco Franco (1892-1975), na Espanha. Valia tudo para conter o "perigo vermelho". Até mesmo fazer um pacto com o diabo.

Mas o ponto é: Pio XII ficou mesmo em silêncio durante o Holocausto? Nem tanto. O papa falou, sim, mas poucas vezes e de forma ambígua. Nos discursos de Natal que fez em 1941 e 1942, por exemplo, condenou a violência, sem mencionar "nazistas" nem "judeus". No discurso de 1942, o mais importante, quando as atividades dos campos de concentração estavam no auge, ele afirmou: "A humanidade deve esse voto às centenas de milhares de pessoas que, sem qualquer culpa pessoal, às vezes apenas por motivo de sua nacionalidade ou raça, estão marcadas para a morte ou extinção gradativa". Foi o ponto máximo de seu protesto diante das atrocidades de um regime que, ao fim da guerra, teria matado cerca de 6 milhões de judeus.

A historiadora Susan Zucotti, da Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, não tem dúvida: se Pio XII tivesse sido mais incisivo, teria ajudado a salvar muitas vítimas. No livro Under His Very Windows: The Vatican and the Holocaust in Italy ("Sob suas próprias janelas: o Vaticano e o Holocausto na Itália", sem edição no Brasil), ela lembra que os croatas fascistas eram muito devotos e, por isso, suscetíveis a acatar pedidos feitos pelo papa. "Como as autoridades da Igreja deixaram os católicos em ambiguidade moral ao não falar, a grande maioria deles se manteve como espectadora", afirma o historiador Michael Phayer em seu livro The Catholic Church and the Holocaust ("A Igreja Católica e o Holocausto", sem edição disponível no Brasil).

É certo que muitos católicos arriscaram a vida para esconder os judeus em suas casas, igrejas e escolas. No entanto, para Zucotti e Phayer, eles prestaram essa ajuda apesar do papa, e não por causa do que ele disse ou fez. "Pio XII fez relativamente pouco pelos judeus, quando eles necessitavam, e os católicos fizeram muito mais", diz Phayer. Os críticos do sumo pontífice também questionam por que ele nunca excomungou Hitler, Heinrich Himmler (1900-1945) e outros chefes nazistas, que eram católicos batizados. Essa simples ação, argumentam, teria tido um importante efeito sobre fiéis - algo de que os defensores de Pio XII duvidam.

Mais espinhoso que acusar o papa de omisso é considerá-lo antissemita. É o que faz o jornalista e escritor John Cornwell, que cita uma carta escrita por Pacelli na época em que ele era embaixador do Vaticano em Munique. Ao relatar seu espanto com uma manifestação de bolcheviques na cidade, ele se referiu ao líder do grupo, Max Levien (1885-1937), como "russo e judeu; pálido, sujo, olhos de drogado, vulgar, repulsivo". Na carta, ele também diz que a namorada de Levien era "judia" e que integrava “um bando de mulheres de aparência duvidosa, judias, como todos ali”. Pode ser coincidência, mas essa referência ao fato de serem judeus, em meio a descrições de repulsa física, é um velho clichê antissemita.

O historiador americano Daniel J. Goldhagen, autor do livro Uma Dívida Moral, vai além. Ele acusa a Igreja Católica de ser a maior responsável pelo racismo que desembocou no Holocausto. Para Goldhagen, a Igreja abrigou durante milênios o antissemitismo como parte integral de sua doutrina.

A favor de Pio XII

O principal argumento em defesa do papa é simples: se ele tivesse se posicionado com mais vigor, haveria retaliação. E alguns dos especialistas que dizem isso são judeus. “Uma condenação pública mais forte teria provocado represálias nazistas contra o clero católico na Alemanha e nos países ocupados. Também colocaria em risco a vida dos milhares de judeus escondidos no Vaticano, em igrejas e conventos da Itália, além dos católicos que os protegiam”, diz o rabino e historiador americano David Dalin, autor do livro The Myth of Hitler’s Pope (“O mito do papa de Hitler”, sem tradução).

De acordo com o rabino, Pio XII pediu às igrejas italianas que abrigassem judeus quando as tropas alemãs ocuparam Roma, em 1943, e assim evitou que milhares deles fossem deportados a Auschwitz. “Na cidade, 155 conventos e mosteiros abrigaram cerca de 5 mil judeus durante a ocupação alemã. E outros 3 mil se refugiaram em Castel Gandolfo, a residência de verão do papa”, afirma. Dalin rejeita a ideia de que Pio XII era antissemita: pelo contrário, ele o indicou ao título de “Justo entre as Nações”, utilizado em Israel para descrever não-judeus que arriscaram suas vidas durante o Holocausto para salvar vidas. Afinal, Pio XII tinha motivos para temer por sua própria vida: Hitler planejava invadir o Vaticano e sequestrá-lo.

Outro defensor de Pio XII é o historiador e diplomata israelense Pinchas Lapide, ex-cônsul de Israel em Milão. Em sua obra Three Popes and the Jews (“Três papas e os judeus”, sem versão no Brasil), Lapide conclui que o líder religioso “foi instrumental para salvar pelo menos 700 mil judeus, e provavelmente 860 mil, da morte certa na mão dos nazistas”. Uma cifra exagerada, segundo os críticos. Seja como for, Lapide justifica a tese de “maior protesto, maior retaliação” citando o exemplo da Holanda, país onde os bispos católicos mais resistiram às perseguições nazistas. Em cada igreja, eles leram uma carta denunciando o “tratamento sem misericórdia aos judeus”. O resultado? “Enquanto os bispos protestavam, mais judeus, cerca de 110 mil, ou 79% do total, eram deportados aos campos de extermínio”, diz o historiador.

Os partidários do papa também argumentam que seu silêncio é uma falácia. Garantem que seus discursos de Natal foram entendidos como uma clara denúncia do extermínio judeu. E citam como prova os editoriais que o jornal americano The New York Times (hoje crítico do pontífice) escreveu na época. “A voz de Pio XII é a única no silêncio e na escuridão envolvendo a Europa neste Natal”, afirmava um texto, em edição de 1941. A homilia de 1942 teria deixado os nazistas furiosos, afirma o historiador irlandês Eamon Duffy, autor de Santos e Pecadores — História dos Papas. “A Alemanha considerou que o papa tinha abandonado qualquer pretensão de neutralidade”, diz.

Tem mais. Para o escritor americano Kenneth D. Whitehead, é ingênuo pensar que maior protesto de Pio XII levaria os católicos a se opor aos nazistas, como se os fiéis seguissem automaticamente suas recomendações — o que não ocorre nem com a proibição à camisinha. “O fato é que a maioria dos católicos alemães, especialmente no início, viu em Hitler o salvador de seu país, em meio à crise pela derrota na Primeira Guerra. Os nazistas chegaram ao poder de forma totalmente legal. Só depois impuseram um regime totalitário”, diz Whitehead no artigo The Pope Pius XII Controversy (“A controvérsia do papa Pio XII”, inédito em português).

Em meio ao debate, o papa Bento XVI decidiu congelar novamente a campanha de beatificação de Pio XII e aguardar até que seja feita uma pesquisa mais conclusiva e esclarecedora sobre sua história. Enquanto isso, o sucessor do polêmico papa, João XXIII (1881-1963), já foi beatificado e a campanha por João Paulo II (1920-2005) corre a passos largos.

Líder infalível

A abertura de arquivos do Vaticano sobre os anos do Holocausto seria o primeiro passo nesse estudo aprofundado sobre as ações de Pio XII durante a guerra, embora muitos considerem que mesmo isso não vá adiantar nada. “Se existisse um documento mostrando claramente o envolvimento de Pio XII em favor dos judeus, o Vaticano já o teria mostrado. E se algum outro revelasse que ele foi colaborador dos nazistas, com certeza, já teria sido removido”, diz o jornalista Anshel Pfeffer, do diário israelense Haaretz.

Segundo ele, a polêmica em torno da beatificação de Pacelli vai além do debate sobre fatos históricos e da disputa entre o Vaticano e as organizações judaicas. Ela também reflete uma disputa interna católica que vem desde o século 19: a briga entre os que defendem o poder papal infalível e os que o rejeitam. “As atitudes de Pio na guerra não são o principal argumento dentro do Vaticano para torná-lo santo. Os que o defendem preservam sua imagem de último líder católico conservador do século. Sua adoração é central para os que creem na versão mais extrema da infalibilidade papal”, diz Pfeffer.
No fim das contas, quem sabe o papa seja bem menos do que falam sobre ele — para o bem ou para o mal. Talvez seu grande problema tenha sido a obrigação de exercer, ao mesmo tempo, o papel de líder político e de chefe religioso numa época difícil, tendo que conjugar seu dever moral com os interesses de um Estado. Talvez ele tenha sido apenas uma pessoa ambígua, num período ainda mais ambíguo. Ou, quem sabe, o embaixador do Vaticano que virou Vigário de Cristo jogou com as regras da diplomacia, enquanto esperava com paciência pelo fim da guerra. A mesma paciência que, hoje, as pessoas precisam ter para saber quem realmente foi Eugenio Pacelli.


Enviados especiais
Hitler e Pio XII nunca se encontraram, mas usaram intermediários para negociar

Hitler e o cardeal Eugenio Pacelli (futuro papa Pio XII) foram os protagonistas da concordata de 1933, pela qual o Estado alemão e o Vaticano se reconheceram mutuamente. Mas outros personagens atuaram para facilitar o diálogo. Conheça alguns deles.

Pietro Gasparri

Esteve à frente da elaboração do Código Canônico e foi quem negociou com Benito Mussolini o Tratado de Latrão, na gestão do papa Pio IX. Em 1901, o monsenhor convidou Eugenio Pacelli (na época, um jovem padre) para trabalhar com ele na Secretaria de Estado do Vaticano. Nos 30 anos seguintes, Gasparri e Pacelli formaram uma parceria que arquitetou a política de concordatas e moldou o crescimento do poder papal ao longo do século 20.

Ludwig Kaas

Líder do Partido do Centro Católico alemão, era padre e íntimo colaborador de Pacelli. Em suas viagens constantes entre Berlim e Roma, foi uma peça-chave na negociação da concordata de 1933 — que extinguiu seu próprio partido para que o papa assumisse maior controle sobre os católicos na Alemanha. Também teria atuado em uma frustrada tentativa de aproximação com membros das Forças Armadas alemãs que buscavam uma negociação de paz, à revelia de Hitler.

Franz von Papen

Ultradireitista, de inclinações monarquistas, teve atuação importante na dissolução da República de Weimar. Foi chanceler alemão em 1932 e vice-chanceler após a subida de Hitler, para o que contribuiu diretamente. Manteve uma relação dúbia com o nazismo e foi quem assinou a concordata com Pacelli, na Secretaria de Estado do Vaticano, em julho de 1933.

Ernst von Weizsacker

Embaixador alemão no Vaticano, recebeu de Hitler a missão de encorajar Pacelli a manter a imparcialidade da Santa Sé durante a guerra. Comunicou ao papa que seu governo respeitaria a integridade do Vaticano e suas propriedades em Roma. A condição: ficar calado sobre as perseguições nazistas. Mas ameaçou instituições católicas suspeitas de abrigar judeus e socialistas.

Vaticano na linha de frente
Enquanto os EUA bombardeiam Roma, nazistas tentam raptar o papa

Em 9 de julho de 1943, Pio XII não teve dúvidas ao ouvir os estrondos que ecoavam em Roma: ele estava encurralado no meio da guerra. Apesar de seu esforço para que a capital italiana fosse declarada cidade aberta, aviões americanos bombardearam a cidade. O ataque precipitou a queda do ditador Benito Mussolini, que foi deposto duas semanas depois pelo rei Vitório Emanuel III e um grupo fascista rival. A situação piorou em setembro, quando os alemães ocuparam a Cidade Eterna e colocaram os judeus na mira. Eugenio Pacelli se viu num dilema: se protestasse contra a invasão, poderia sofrer uma represália violenta contra o Vaticano. Os alemães temiam que uma crítica do papa gerasse uma reação em cadeia na população italiana, o que colocaria em risco a ocupação. Mas Pio XII sabia que sua própria vida estava em risco, pois os nazistas planejavam sequestrá-lo. A advertência tinha sido feita pelo embaixador alemão na Santa Sé, Ernst von Weizsacker. “Os nazistas deram duas opções a Pio XII: selar os lábios ou o seu destino”, escreve o jornalista americano Dan Kurzman no livro Conspiração contra o Vaticano. Hitler tinha encomendado o sequestro ao general Karl Wolff, chefe das SS na Itália. A missão era invadir o Vaticano, raptar o papa e levá-lo à Alemanha ou ao território neutro de Liechtenstein. Mas Wolff titubeou. “Até então, ele havia atendido a qualquer ordem do Führer. Mas sequestrar o papa era uma loucura. Poderia colocar toda a Itália e a Igreja contra a Alemanha”, diz Kurzman. Wolff temia ser enforcado, se os aliados vencessem a guerra, e decidiu sabotar o plano de Hitler esperando se salvar com o apoio do papa. Deu certo. Pio XII também adotou dupla postura. Permitiu que judeus fossem abrigados em igrejas, mas nunca abriu a boca contra a ocupação, nem quando viu de suas próprias janelas milhares de judeus sendo amontoados em caminhões e deportados de trem rumo a Auschwitz.

Rota de fuga
Pio XII ajudou nazistas a escapar para a América do Sul

Ninguém sabe ao certo até que ponto Pio XII protegeu os judeus. Mas já não há dúvida de que ele ajudou nazistas católicos a escapar da Europa para Buenos Aires, na Argentina. A rota de fuga foi armada, logo após a Segunda Guerra, pelo Vaticano, a Igreja Católica argentina e o governo de Juan Domingo Perón (1895-1974). É o que afirma o jornalista argentino Uki Goñi, que rastreou o plano em arquivos da inteligência americana, da Cruz Vermelha e de países europeus. “Documentos que encontrei no Escritório de Registro Público de Londres demonstram que o papa sabia da fuga e intercedeu para evitar que alguns criminosos croatas chegassem à Justiça”, diz Uki, que conta essa história no livro A Verdadeira Odessa. A rede funcionava basicamente assim: o Vaticano pagava as passagens e dava passaportes com pseudônimos aos criminosos de guerra, e Perón lhes garantia o visto para entrar na Argentina. A Cruz Vermelha fornecia os passaportes. Os Estados Unidos e a Inglaterra não se intrometiam, mas as autoridades suíças foram além. Permitiram o trânsito ilegal dos nazistas por dentro de seu território. Foi graças a esse plano que Adolf Eichmann (1906-1962), Josef Mengele (1911-1979), Erich Priebke e outros genocidas encontraram um porto seguro na América do Sul. Eichmann só foi preso em 1960, em Buenos Aires (e enforcado depois pelo governo de Israel). Priebke foi localizado em 1991 no mesmo país (e condenado por tribunal italiano à prisão domiciliar). E Mengele morreu afogado em 1979, sob nome falso, no Brasil.

Relação tumultuada
Ao longo da História, a Igreja bateu de frente com a comunidade judaica

Século 4

O cristianismo se torna a religião oficial do Império Romano. O teólogo João Crisóstomo (349-407) qualifica os judeus de inimigos da raça humana. Diz que “a sinagoga é um bordel” e que “judeus são possuídos por demônios”. Em 325, o I Concílio de Nicéia culpa-os pela morte de Jesus — acusação só retirada em 1965, no Concílio Vaticano II.

Séculos 5 a 12

Na Europa medieval, o cristianismo avança sua hegemonia e surgem leis discriminatórias contra todas as demais práticas religiosas, principalmente o judaísmo. Espalham-se as lendas de que os judeus têm chifres e rabos e realizam rituais usando sangue de crianças cristãs.

Séculos 13 e 14

Em novembro de 1215, o IV Concílio de Latrão, convocado pelo papa Inocêncio III, obriga os judeus a usar distintivos sobre as roupas e os proíbe de exercer funções públicas e de casar com não-judeus — sete séculos depois, as mesmas medidas seriam adotadas pelos nazistas. A Inquisição condena judeus à fogueira e, para escapar, muitos procuram o batismo. Diversos papas apoiam a expulsão de judeus da Inglaterra, França, Holanda e Espanha.

Século 15

O papa Xisto IV (1414-1484) autoriza a rainha Isabel de Castela (1451-1504) e o rei Fernando de Aragão (1452-1516), chamados de os Reis Católicos, a criarem o Tribunal da Inquisição na Espanha. O alvo, nesse caso, são judeus convertidos ao cristianismo, os cristãos-novos.

Século 19

Na península Ibérica, colégios ainda proíbem pessoas “com sangue judeu ou mouro” de se matricular. No Brasil desse período, as ordens religiosas fornecem “atestados de pureza de sangue”, criados nos tempos da Inquisição. Alguns judeus falsificavam seus documentos para exercerem atividades comerciais.
AventurasnaHistória

segunda-feira, 1 de março de 2010

A Misteriosa Civiliação tartéssica

Nos finais do século XVIII, o erudito antiquário D. Frei Manuel do Cenáculo Vilas-Boas, bispo de Beja, recolheu as primeiras inscrições onde se encontra gravada a escrita ibérico-tartéssica. Desde essa época várias tem sido as tentativas para ler estes textos, os quais, porém, tem permanecido indecifráveis até a actualidade. Alguns investigadores supõem que os caracteres são de origem fenícia; outros afirmam que a língua gravada nestas inscrições deriva do grego pré-clássico; outros ainda crêem que se trata de um idioma de origem peninsular, aparentado com a língua de que deriva o actual basco.

Durante mais de um século, e apesar de terem sido recolhidas algumas dezenas de inscrições, ignorou-se a sua função, facto que mais dificultou qualquer tentativa de decifração do texto. A partir de 1970, porém, os arqueólogos portugueses conseguiram localizar, no Sul do País, um grande número de monumentos funerários, onde foram recolhidas algumas destas inscrições. Foi assim levantada uma ponta do véu que cobria este problema: as misteriosas inscrições são lápides funerárias. A localização e estudo destas necrópoles veio permitir a identificação da área ocupada por este povo com o Sul do Baixo Alentejo e Algarve. Desconhecia-se também a época em que teria florescido esta civilização. Escavações realizadas nestes monumentos permitiram situá-los entre os finais do século VIII e o século V a. C. e o apogeu desta civilização deve ter-se verificado entre os séculos VIII e V a. C.

Nas sepulturas foram encontradas armas de ferro, cerâmicas de origem mediterrânica, jóias fenícias, anéis com escaravelhos egípcios, todos objectos provenientes do Mediterrâneo Central e Oriental.

Porém, a atribuição desta cronologia levantou outro problema.

Quem era o povo que, entre os séculos VIII e V a. C., desenvolveu uma cultura tão brilhante nos confins ocidentais do mundo Mediterrânico?

As fontes clássicas apenas referem, no que respeita a Península Ibérica, o reino de Tartessos, que a maioria dos arqueólogos pretende localizar na zona da bacia do Guadalquivir. Curiosamente, esta civilização entrou em declínio no século VI a. C., logo após a Batalha de Alalia, onde os Cartagineses derrotaram os Gregos, vedando-lhes a passagem para ocidente das Colunas de Hércules.

Nessa época, segundo os autores clássicos, tem inicio o ocaso da civilização tartéssica.

Estamos, portanto, perante um mistério ainda por decifrar se se trata de vestígios do reino de Tartessos, onde se encontram as suas cidades? Se, por outro lado, se trata de uma civilização diferente da tartéssica, quem foi o povo que a originou, um povo que no século VIII a.C. possuía já uma escrita e que não é mencionado nas fontes clássicas?

Apenas o prosseguimento das investigações poderá, no futuro, dar resposta a estas perguntas.

Portugal secreto

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Os Essênios e Jesus

Texto de Marcos Paterra

Olá pessoal!

Elaborando algumas pesquisas, achei coisas interessantes sobre Jesus e os Essênios.

Muitos talvez não saibam… Mas os Essênios eram originários do Egito e durante a dominação do Império Selêucida, em 170 a.C, formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto e outros locais, na Palestina e no Egito.

A Doutrina do Deserto

Eles respeitavam a vida acima de tudo, escreveram os mais antigos textos bíblicos e influenciaram o cristianismo. Com vocês, os essênios.

Por Rafael Kenski e Duda Teixeira

Em 1923, o húngaro Edmond Szekely obteve permissão para pesquisar os arquivos secretos do Vaticano. Estava à procura de livros que teriam influenciado São Francisco de Assis. Curioso e encantado vagou pelos mais de 40 quilômetros de estantes com pergaminhos e papiros milenares. Viu evangelhos nunca publicados e manuscritos originais de muitos santos e apóstolos, condenados a permanecer escondidos para sempre. De todas essas raridades, uma obra em especial lhe chamou a atenção. Era o Evangelho Essênio da Paz. O livro teria sido escrito pelo apóstolo João e narrava passagens desconhecidas da vida de Jesus Cristo, apresentado ali como o principal líder de uma seita judaica até então pouco comentada – Os Essênios. Szekely não perdeu tempo. Traduziu o texto publicou-o em quatro volumes. Sentindo-se traída pelo pesquisador, a Igreja o excomungou.
Não foi uma punição tão grave. Considere o que aconteceu com o reverendo inglês Gideon Ouseley. Em 1880, ele achou um manuscrito chamado O Evangelho dos Doze Santos em um monastério budista na índia. O texto em aramaico – a língua que Jesus falava – teria sido levado para o Oriente por essênios refugiados.

Manuscrito achado no
Vaticano afirma que Jesus
era essênio e vegetariano

Ouseley ficou eufórico e saiu espalhando que tinha descoberto o verdadeiro Novo Testamento. Afirmava que a Bíblia estava incorreta, pois Cristo era um essênio que defendia a reencarnação e o vegetarianismo. Se hoje essa tese soa estranha, dizer isso na Inglaterra vitoriana do século XIX era blasfêmia da pior espécie. Resultado: os conservadores atearam fogo na casa de Ouseley e o original foi destruído.
O mistério que envolve esses dois textos e o tom místico que os descobridores deram aos seus achados acabaram manchando seu crédito diante dos historiadores. Além do mais, teorias exóticas sobre Jesus é o que não falta. Em 1970, o pesquisador inglês John Allegro, que já havia estudado os essênios, tentou provar que Jesus nunca havia existido e que teria sido uma alucinação coletiva causada pela ingestão de cogumelos. Por motivos óbvios, essa teoria não foi muito bem aceita pelos seus colegas cientistas. Segundo eles, Allegro entendia mais de cogumelos do que de Cristo.
Para os historiadores, os essênios seriam até hoje uma nota de rodapé na História se, em 1947, dois pastores beduínos não tivessem por acidente levado a uma das maiores descobertas arqueológicas do século. Escondidos em cavernas próximas ao Mar Morto, em Israel, 813 manuscritos redigidos pelos essênios a partir de 225 a.C.

O ano 68 da nossa era guardava as mais antigas cópias do Antigo Testamento, calendários e textos da Bíblia. Perto das cavernas, em Qumran, estavam as ruínas de um monastério essênio e um cemitério com cerca de 1200 esqueletos, quase todos masculinos.

O surgimento da doutrina essênia aconteceu em tempos conturbados. Os judeus viveram sob dominação de diversos povos estrangeiros desde 587 a.C., quando Jerusalém foi devastada pelos babilônios, habitantes da atual região do Iraque. Por volta do século II a.C., o domínio era exercido pelos selêucidas, um povo grego que habitava a Síria. A cultura helenista proliferava e a tradição hebraica sofria fortes ameaças. Para recuperar o judaísmo, os israelitas acreditavam na vinda do Messias que chegaria ao final dos tempos para exterminar os infiéis e salvar os seguidores da Bíblia.

Eles possuíam pomares e hortos irrigados pela água da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida. Além dela, as bebidas essênias se resumiam ao suco de frutas’ e “vinho novo”, um extrato de uva levemente fermentado. No shabbath, os sectários deveriam passar o dia inteiro em jejum.

•retirado de: www.pentaculos mágicos.com.br
Em abril de 1947, no vale de Khirbet Qumran, junto às encostas do Mar Morto, Juma Muhamed, pastor beduíno da região, recolhia seu rebanho quando ao seguir atrás de uma cabrita desgarrada percebeu que havia uma extensa fenda entre duas rochas.Curioso, atirou uma pedra e ouviu o ruído de um vaso se quebrando. No vaso, encontrou pergaminhos.

Este momento caracterizou-se como um marco para o mundo arqueológico: A Descoberta dos Manuscritos do Mar Morto.

Desde então, a tradução e divulgação do seu conteúdo têm atraído a atenção mundial, e uma grande expectativa tem se instaurado quanto a possíveis segredos ainda não revelados.

O nome Essênios deriva da palavra egípcia Kashai, que significa “secreto”. Na língua grega, o termo utilizado é “therepeutes”, originário da palavra Síria “asaya”, que significa médico.

A organização nasceu no Egito nos anos que precedem o Faraó Akhenathon, o grande fundador da primeira religião monoteísta, sendo difundida em diferentes partes do mundo, inclusive em Qumran. Nos escritos dos Rosacruzes, os Essênios são considerados como uma ramificação da “Grande Fraternidade Branca”.

Segundo estudiosos, foi nesse meio onde esteve Jesus no período entre seus 13 e 30 anos. Alguns estudiosos também acreditam que a Igreja Católica procura manter silêncio acerca dos essênios, tentando ocultar que recebeu desta seita muitas influências.